
Estação Ferroviária
Beira, Sofala, Moçambique
Equipamentos e infraestruturas
A primitiva estação ferroviária foi desenhada ainda pela Beira Railways, entre 1930 e 1938, tendo ficado nos alicerces, devido ao ambiente internacional, que vaticinava já a Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, em 1954, foi feita nova tentativa, tendo este projeto sido entregue ao arquiteto Barbosa e Silva, pensando-se então construir um "edifício moderno, de vários andares, com uma área de 40 x 50 metros".
Em 22 de setembro de 1957 foi aberto o concurso de arquitetura para a edificação da "Estação Central do Caminho-de-Ferro da Beira", constando da execução dos desenhos dos alçados principal, lateral e perspectiva conjunta, tendo sido assinado o contrato com os autores que elaboraram o anteprojeto, em fevereiro de 1959. Os autores da obra foram os arquitetos João Afonso Garizo do Carmo (1917-1974) (gare em abóbada), Francisco de Castro (n. 1923) (área do cais) e Paulo de Melo Sampaio (1926-1968) (edifício de escritórios), que para isso formaram uma equipa. A estação foi inaugurada em 1 de outubro de 1966. Este empreendimento dos Caminhos-de-Ferro da Beira constituiu o remate da ligação ferroviária local ao hinterland africano e um edifício de referência no contexto urbano envolvente, revelando diversas influências formais e construtivas da arquitetura moderna brasileira. A composição baseia-se na articulação assimétrica de três volumes autónomos: um bloco de escritórios suspenso em pilotis, um prisma com os acessos verticais e um volume coberto por uma abóbada parabólica que constitui o átrio da estação. A qualidade da construção permitiu que se encontre em bom estado de conservação, continuando a desempenhar a sua função original. A direção dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique abriu um concurso entre os artistas plásticos moçambicanos, com vista à elaboração de painéis e esculturas para decorar o átrio e fachadas exteriores. A decoração exterior é de Jorge Garizo do Carmo, que elaborou um painel de trinta e cinco metros de comprimento por quatro de altura. Acrescentem‐se alguns dados técnicos sobre este conjunto edificado, cuja estrutura foi concebida pelo engenheiro M. H. Moreno Ferreira: "[o corpo dos escritórios], fundado sobre estacas, compõe‐se de 17 pórticos de 8 andares, espaçados a 4,5 metros e interligados sem juntas de dilatação, no comprimento de 72 metros. A protecção da fachada com maior exposição ao sol faz‐se por écrans de ‘quebra‐sol’ giratórios sobre eixo vertical, em fibrocimento [...] Predomina a nave parabólica, formada por 7 arcos com 59 metros de abertura e abatimento de 1/4, conjuntamente com elementos de betão pré‐esforçado auto‐portantes de 4 metros entre os arcos que servem de contraventamento e de fecho da abóbada [...] Os impulsos dos enormes arcos parabólicos são suportados por tirantes em betão pré‐esforçado, enterrados na camada arenosa de 2 metros de aterro, sobre estacas cravadas" (100 obras...).