
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar
Ouro Preto, Vila Rica, Minas Gerais, Brasil
Arquitetura religiosa
Por volta de 1700‐1703, os fiéis das irmandades de Nossa Senhora do Pilar e do Santíssimo Sacramento ergueram a primitiva Capela da Virgem do Pilar, em madeira e taipa, que logo começou a funcionar como igreja matriz. A construção do templo definitivo, cujo risco é atribuído ao sargento‐mor e engenheiro Pedro Gomes Chaves, iniciou‐se antes de 1731; neste ano, o contrato foi oficialmente arrematado por João Fernandes de Oliveira, mas a igreja estava "principiada e já com muita obra feita". Foi também em 1731 que o Santíssimo Sacramento e as imagens foram transferidas provisoriamente para a Capela do Rosário dos Pretos. Sendo feita de adobes e taipa, as obras avançaram com rapidez: em 1733 realizou‐se o "Triunfo Eucarístico" para celebrar a volta do santo sacrário à Matriz do Pilar. Devido à fragillidade do sistema construtivo, diversas partes da igreja tiveram que ser reedificadas posteriormente. Em 1781, foi necessário reparar uma das torres, que ameaçava ruína; em 1818, o mesmo ocorreu com uma das paredes estruturais; em 1825, substituiu‐se a parede de taipa do lado da Epístola por "pedra e cal"; enfim, em 1848‐1852 foram concluídos o novo frontispício em alvenaria de pedra e as novas torres, obras contratadas com Manuel Fernandes da Costa. Quanto à ornamentação interna, note‐se que a elegante forma decagonal da nave não se repercute na volumetria externa (em prisma retangular): trata‐se de uma estrutura postiça de madeira, com esteios que sustentam os retábulos e as tribunas, prolongando‐se até à cobertura - obra de carpintaria arrematada por António Francisco Pombal, irmão de Manuel Francisco Lisboa. Entre 1735 e 1737, foram acrescentados os dois púlpitos, bem como os seis altares laterais, em talha dourada e ornamentação profusa, alguns deles executados em período anterior. Na segunda metade do século XVIII, o forro apainelado da nave recebeu pintura decorativa (representações de personagens e temas do Antigo Testamento), cuja autoria se atribui a João de Carvalhais e a Bernardo Pires. Entre 1741 e 1754, a capela‐mor foi ampliada segundo o risco inicial de Pedro Gomes Chaves e decorada com talha dourada - a qual, segundo M. R. de Oliveira, alia temas ornamentais do barroco seiscentista romano a motivos franceses dos estilos Luís XIV e Regência. Nesta fase, os trabalhos foram dificultados pela falência do arrematante António Francisco Pombal (1744), e pela morte do entalhador Francisco Xavier de Brito (1751). Somente na década de 1770 foi concluída a ornamentação da capela‐mor, com o douramento da talha e a pintura dos belos painéis laterais - estes últimos tendo sido descobertos somente na década de 1950, quando a equipe de restauração coordenada pelo IPHAN removeu dos elementos decorativos a repintura que havia sido acrescentada no século XIX.