
Fortaleza de São José de Macapá
Macapá, Amapá, Brasil
Arquitetura militar
A primeira fortificação portuguesa da região foi a casa‐forte do Rio Araguari, obra do engenheiro Pedro de Azevedo Carneiro, construída em 1687. Era uma fortificação temporária, feita enquanto não estava pronta a Fortaleza de Santo António de Macapá. Esta foi edificada sobre as ruínas do Forte de Cumaú, construído pelos ingleses em 1632. Fez‐se em 1688, a partir de uma planta de Pedro de Azevedo Carneiro, sob a responsabilidade de António de Albuquerque Coelho de Carvalho. O Forte de Santo António foi tomado pelos franceses em 1697 e reconquistado pelos portugueses no ano seguinte. Cerca de 1729 fez‐se uma casa‐forte na Ilha de Santana, de que não restam vestígios. Em 1738, construiu‐se um pequeno reduto a duas léguas e meia do Forte de Santo António, que estava arruinado. Em 1740, encomendou‐se um novo projeto de fortificação para o Macapá, de que foi encarregado o sargento‐mor Manuel de Azevedo Fortes, e delineado, sob a sua supervisão, por Manuel Luís Alves. Esta fortificação não chegou a ser construída. A partir de 1752, com a instalação dos colonos e da vila, a questão da defesa tornou‐se ainda mais premente. Em 1759, o engenheiro Manuel Guedes desenhou o projeto de um pentágono regular, que também não foi construído. O que se construiu finalmente foi um reduto de faxina, projetado por Gaspar João Geraldo Gronsfeld em 1761, que se sabia não poder ser definitivo. Só em junho de 1764 foi lançada a primeira pedra da atual Fortaleza de São José de Macapá, sob projeto do engenheiro italiano Henrique António Galuzzi. No ano de 1769, Galuzzi morreu e o comando passou para Henrique Wilkens. As longas obras da fortaleza duraram até março de 1782. Por muito tempo julgou‐se que se tinha inaugurado a fortaleza sem se terminarem as obras externas previstas no projeto. Escavações recentes, levadas a cabo pela equipa do laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco, dirigida por Marcos Albuquerque, deram a ver a completude da execução e o efetivo impacto da obra, que está agora completamente restaurada. Trata‐se de um impressivo quadrado fortificado, com baluartes nos ângulos, que é comummente referido como o modelo de Vauban. Completam o conjunto o fosso, um revelim externo, as estradas cobertas e redentes que defendiam partes da cortina. A obra foi especialmente complicada, porque a maior parte do terreno não era firme, obrigando à utilização de um sistema de estacas para sustentação dos baluartes. No interior do forte, os edifícios para acomodação da guarnição dispõem‐se em praça quadrada e são exemplos da melhor arquitetura chã, que atravessou séculos na construção do Brasil. É a maior fortificação do século XVIII no Brasil, que deve ser vista a par do Forte do Príncipe da Beira, iniciado em 1775 (Costa Marques (RO), Real Forte do Príncipe da Beira). Ambos cumprem o desígnio fundamental de simbolizar a posse política do território. Ambos foram construídos, literalmente, como monumentos. Ao longo do século XIX, a grandiosidade da fortaleza foi lida como um defeito, posto que exigia mais tropas para sua eventual eficácia, a qual nunca foi posta à prova em termos bélicos. No início do século XX chegou a ser descrita como inútil, propondo‐se a sua demolição e o ensecamento dos pântanos que a circundavam. Em 1950 a fortaleza foi classificada pelo IPHAN.