Hospital do Sagrado Coração de Maria
Madgaon [Margão], Goa, Índia
Equipamentos e infraestruturas
Criado em 1867, por iniciativa do Padre António João de Miranda, através uma subscrição pública, o Hospício do Sagrado Coração de Maria sofreu uma enorme transformação no início do século XX, sendo dessa época a maioria dos edifícios existentes. A primeira pedra da construção original foi lançada em dezembro de 1867, num terreno doado pela comunidade de Margão, tendo sido benzido a 23 de agosto do ano seguinte. Dez anos mais tarde, em 1878, foi fundado o albergue, que também desapareceu. O Hospital estende ‑se por uma vasta área e é composto por três núcleos de construções. Dois desses núcleos localizam ‑se na base do Monte da Conceição, divididos por uma estrada que se veio a tornar numa das principais da cidade, enquanto o terceiro se localiza no planalto. O primeiro conjunto de edifícios situa ‑se a poente do cemitério, numa zona que na época era periférica ao núcleo urbano, e onde mais tarde foi construída a secretaria do Hospital. A primeira ampliação foi inaugurada em fevereiro de 1905. Era uma casa particular que foi adaptada às exigências hospitalares. Foi esta a primeira construção do segundo núcleo, localizado mesmo em frente ao edifício original. A casa, que ainda hoje é a imagem principal do Hospital, é retangular, de um só piso sobrelevado relativamente à rua e simétrico relativamente à entrada, que se faz por um alpendre. A varanda corrida do lado poente e o alpendre da entrada fazem lembrar a arquitetura residencial, mas no entanto foram colocadas quando da transformação da construção a hospital; não existiam anteriormente. Junto à casa foi construída uma capela, inaugurada na mesma data. Em 1909 foram discutidos novos melhoramentos e ampliações, e em 1910 inaugurou‑se o novo albergue, muito perto do edifício antigo, tendo sido transladada a placa inaugural. Poucos anos mais tarde, projetaram ‑se novas ampliações. O novo projeto de expansão tinha como responsável técnico o engenheiro Bernardino Camilo da Costa, natural de Margão e funcionário do Departamento de Obras Públicas de Goa, que já tinha sido presidente da assembleia do Hospital. Não se sabe se o sanatório terá também sido desenhado nesta altura, mas supõe ‑se que sim, uma vez que desde 1904 se discutia a sua construção. Em 1908 já se encontrava escolhido o local onde mais tarde seria edificado. As obras tiveram início no final de 1915, mas na sua maioria decorreram a partir de 1922, data em que foi construído o edifício da administração e grande parte dos edifícios, que ainda se encontravam em construção em 1925, como se pode constatar no livro de Sales Coutinho. Ao edifício principal, de 1905, foi feita uma ampliação para norte. Também do lado norte, mas mais junto à estrada, foi construída uma enfermaria para mulheres e a sala de operações contígua. Ambas foram inauguradas em maio de 1923, projetadas por Bernardino Camilo da Costa e construídas por Madevá Sinai Bobó e Caculó. A enfermaria tem dois pisos, arcadas no rés‑do‑chão e varanda no primeiro piso. Em 1925, encontravam ‑se ainda em construção na encosta o gabinete bacteriológico, um edifício para residência de enfermeiras e uma segunda enfermaria de mulheres. Todos os edifícios eram de pequenas dimensões, apenas de um piso e arquitetura simples. Igualmente em construção em 1925, encontrava ‑se o edifício da secretaria do Hospital. É composto por dois volumes distintos: um de dois pisos e outro de um, que se articulam através de uma entrada para a parte posterior da propriedade. O volume de dois pisos estende‑se em L, e tem uma varanda com colunas em ferro na fachada principal. As molduras das janelas são rusticadas, assim como os elementos de remate dos volumes do edifício. No volume principal, o desenho naturalista do seu frontão remete para uma linguagem art déco. O volume de um piso é retangular, e desenvolve ‑se em comprimento para a parte traseira. Hoje em dia, as duas construções articulam‑se nessa zona através de um pátio, que supomos ter sido acrescentado após 1961, quando aqui passou a funcionar uma escola primária. Na fachada principal não foram feitas alterações. No lado norte localiza‑se o albergue, e do lado sul o edifício do hospício do clero, cuja data de construção não se conhece. O planalto do Monte de Nossa Senhora da Piedade foi o local escolhido para implantar o Sanatório de São José, que também se encontrava em construção em 1925. Ao edifício principal, que alberga a parte hospitalar, juntam ‑se dois edifícios para residência do pessoal e um terceiro para a cozinha, localizados do lado nascente da construção principal. Esta é composta por um conjunto de volumes de um piso, sobrelevado relativamente ao nível do solo, que se articulam ao longo da linha de festo através de varandas, que funcionam também como ligação entre os diversos espaços. Registos gráficos mostram que as varandas do lado do vale são posteriores à construção, e que quando foram construídas eram abertas; só posteriormente terão sido encerradas com caixilharia. Mostram ainda que o monte não tinha vegetação, sendo que hoje esta é bastante densa. A todos estes pavilhões juntaram ‑se outros, construídos após 1961. O sanatório é o edifício mais interessante do conjunto, e encontra‑se em vias de ser desativado para dar lugar, provavelmente, a um museu.