Administração das Comunidades de Salcete

Administração das Comunidades de Salcete

Madgaon [Margão], Goa, Índia

Equipamentos e infraestruturas

Situado do lado nascente do Jardim Municipal, junto ao edifício da Câmara, o edifício da Administração das Comunidades de Salcete foi construído em 1960. O seu autor era português, provavelmente funcionário da Direção‐Geral do Ultramar, que terá estado em Goa numa comissão de serviço, uma vez que a obra terá sido seguida por Joaquim Sebastião Pinto, funcionário das Obras Públicas de Goa. O edifício, implantado no cruzamento de várias vias, desenvolve‐se em V de um modo simétrico relativamente ao eixo da entrada principal. Esta forma resolve as relações entre o edifício e o espaço envolvente: através da entrada no centro do edifício, vira‐se para a Câmara Municipal, enquanto a fachada poente define a rua onde se encontra e a inflexão do volume sul permite a abertura do espaço do Jardim Municipal para a zona do Mercado. Nas traseiras existe um jar‐ dim que define o lote, mas a construção não estabelece quaisquer relações diretas com o espaço envolvente. A ventilação e a adaptação da construção ao clima foram preocupações centrais no desenho. Em ambos os pisos, as salas têm a possibilidade de se abrirem completamente para o exterior de modo a poderem ventilar, aproveitando a protecção solar feita pelas varandas. No primeiro piso, o corpo do lado norte só tem uma sala ampla, enquanto o lado sul tem duas, sendo o espaço dividido no sentido longitudinal. Não se sabe se essa divisão terá sido feita posteriormente. Por cima da entrada existe um painel em cerâmica com uma cena da vida quotidiana, como se fazia muitas vezes em Portugal em edifícios da mesma época, e como se pode observar em Goa em duas construções contemporâneas: o Mercado de Mapuçá e a Casa do Povo de Taleigão. Não foi possível confirmar a autoria, mas um testemunho oral referiu um autor comum aos painéis dos três edifícios: o ceramista Cuncoliencar, de Bicholim. O restante pano de parede da zona da entrada é marcado por uma grelha que deixa o edifício ventilar e o protege do sol. O edifício tem uma linguagem moderna, mas oficial e monumental, distinguindo‐se nitidamente como um edifício de Estado. A sua imagem identifica‐se com a arquitetura do Estado Novo que se fazia em Portugal, sendo um dos poucos exemplos existentes no território goês. Na sua generalidade, não parece ter sofrido alterações.

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