Sede da Direção da Polícia Nacional [antigo Edifício de Repartições Públicas]

Sede da Direção da Polícia Nacional [antigo Edifício de Repartições Públicas]

Praia [Praia de Santa Maria], Ilha de Santiago, Cabo Verde

Equipamentos e infraestruturas

O edifício de Repartições Públicas, atual Sede da Direção da Polícia Nacional, na cidade da Praia, assinado em 1946 pelo arquitecto tirocinante Alexandre Bastos, no âmbito do GUC, poderá ter constituído o início de uma arquitetura de "representação" que marca a estratégia urbana impulsionada pelo Estado Novo durante a década de quarenta para os territórios coloniais. Esta estratégia encontrava no núcleo urbano antigo da Praia, na ilha de Santiago, estruturas urbanas consolidadas e espaços públicos, de certa forma, adequados à criação de cenários de representação do poder colonial.

Localizado na atual Rua Serpa Pinto, o edifício foge à tradicional implantação numa praça, habitual em projetos similares.Neste projeto acerta-se uma composição arquitetónica apropriada aos trópicos e, simultaneamente, adequada às funções de representação: volumetria paralelepipédica (tipo pavilhonar), arcadas no rés do chão, galerias nos andares superiores, introduzidas ao longo das fachadas recuadas, e cobertura em telhado de quatro águas. Rogério Cavaca, então diretor dos serviços, confirma na memória descritiva e justificativa que a "fachada principal, virada a noroeste, é protegida contra a insolação por uma galeria com 1,80 m de largura que se repete nos dois pisos".

O programa é distribuído pelos dois pisos do edifício e incluía: repartição de administração civil, repartição militar, administração do concelho, comissão técnica de automobilismo e polícia. De modo a assegurar a independência dos vários serviços foram definidas quatro entradas distintas: uma principal,por onde se acede à escadaria de acesso ao 1º andar, duas laterais, que servem a administração do concelho e a polícia, e uma localizada no tardoz,destinadaà entrada de "indígenas".

O projeto realizado contribuiu para a fixação de uma imagem associada aos edifícios administrativos luso-africanos, criando uma tipologia adequada aos trópicos, que se particulariza nas paisagens urbanas coloniais de matriz portuguesa dentro do quadro estilístico da arquitetura do Estado Novo.

Ana Vaz Milheiro

Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitectónica.
(PTDC/AUR-AQI/104964/2008)

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