Habitação
Macau, Macau, China
Habitação
O hibridismo sino‐português refletiu‐se claramente na construção de habitação ao longo do século XX em Macau. Um gosto profundamente eclético, refletindo esse encontro de culturas entre o Ocidente e o Oriente, vai protagonizar uma vontade de mudança e afirmação de famílias e lugares. Entretanto, a progressiva utilização do ferro e, depois, do betão na construção, vai estimular a aplicação de uma nova gramática, capaz de desenvolver dispositivos de espaços de transição como galerias, avarandados, consolas para sombreamento ou reixados para ventilar. Também a utilização de muretes com platibanda ou balaustradas a rematar uma cobertura que deixa de ser visível confere uma inusitada feição moderna e contemporânea à maioria das habitações unifamiliares.
Muitas destas casas simbolizam as famílias ricas macaenses. Construídas como símbolos da sua riqueza, o declínio económico das famílias e consequente impossibilidade de manutenção como residências, proporcionou em muitos casos uma reconversão de funções, nomeadamente para equipamentos escolares.
Hoje o território apresenta um grande número de edifícios reutilizados: na Praça do Real Senado, na Avenida Ferreira do Amaral (Biblioteca Central e Arquivo Histórico), a Sede do BNU, os Correios. Contudo, trata‐se na maioria de obras que apenas mantiveram a fachada, introduzindo grandes alterações interiores que acabam por comprometer, em muitos casos, o carácter e a identidade do item patrimonial. Outros exemplares foram completamente destruídos, como é o caso do conjunto das moradias modernas erguidas na década de 1950 na Avenida Sidónio Pais. Com um desenho‐tipo repetindo a marcação geométrica dos volumes e das diferentes texturas dos planos que alternavam entre a pintura lisa e plana e a textura do tijolo cerâmico vidrado, com jardins funcionando como antecâmara e espaço de transição entre o privado e o público, constituíam um notável conjunto modernista.