Igrejas
Kolkata [Calcutá/Calcutta], Bengala Ocidental, Índia
Arquitetura religiosa
Em 1690, os ingleses estabeleceram‐se nas três aldeias que viriam, mais tarde, a dar lugar à cidade de Calcutá. Estas aldeias localizavam‐se a cerca de quarenta quilómetros a sul de Hooghli e desde meados do século XVI que os mercadores portugueses aí fixavam residência temporária. Entre aqueles que se transferiram para a nova feitoria britânica contava‐se uma comunidade significativa de indo‐portugueses ou portugueso‐descendentes.
Apoiados por missionários agostinhos, aqueles prontamente fundaram uma primeira igreja, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário. Esta estrutura, destruída após três anos, foi reconstruída em 1700 na zona de Murghibatta (Bazar das Galinhas), onde morava a comunidade de portugueso‐descendentes. Próximo desse local, iniciava‐se à altura o primeiro Forte William de Calcutá. A igreja beneficiou de obras em 1720, conforme constava de uma inscrição na fachada. Era construída em tijolo e iluminada por janelas abertas próximo da cobertura, sendo descrita como de "estilo ibérico simples".
Com o saque da cidade pelo nababo de Bengala, Siraj Ud Daulah, em 1756, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi pilhada e um ano mais tarde, com o regresso dos ingleses, transformada em igreja protestante. Esta situação manteve‐se até 1760, quando os missionários do padroado foram reinstalados.
Em 1797, a igreja foi completamente reconstruída segundo projeto do arquiteto inglês Thomas Sayrs. A família Barretto, da comunidade de portugueso‐descendentes de Calcutá, contribuiu para o financiamento das obras, concluídas em novembro de 1799. Atualmente é conhecida como a Catedral de Calcutá, mantendo muito pouco - ou nada - da estrutura de 1700.
Existem ainda duas outras estruturas religiosas construídas pelos missionários portugueses em Calcutá: a Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Bhoitakhana ou Boitaca (1810) e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus (1834). Contudo, estes edifícios dificilmente poderão ser considerados património de origem portuguesa, visto refletirem a influência dominante da administração colonial britânica sobre uma comunidade praticamente desligada do Estado da Índia Portuguesa.