Forte
Mannar [Manar], Província do Norte, Sri Lanka
Arquitetura militar
O primeiro estabelecimento português no reino de Jaffna, no norte de Ceilão, deu‐se na Ilha de Mannar, onde trabalhavam desde a década de 1540 missionários do Padroado Português do Oriente. A presença militar na Ilha de Mannar remonta a 1560, ano da campanha de Constantino de Bragança contra o rei de Jaffna. Manuel Rodrigues Coutinho, primeiro capitão da fortaleza, encaminhou para as redondezas algumas centenas de pescadores paravas da Costa da Pescaria, incluindo moradores de Punicale. A fortaleza de Mannar servia para pressionar o rei de Jaffna, controlar a navegação no Golfo de Mannar e a pescaria do aljofre, e ainda para socorrer a praça de Colombo. Mannar foi também o centro de um sistema tributário que os portugueses estabeleceram no norte e leste de Ceilão ao longo das décadas de 60, 70 e 80 de Quinhentos, conforme mostra o regimento da fortaleza, dado em 1582. O forte em si aparece nas fontes iconográficas portuguesas do século XVII como um edifício quadrangular dotado de três baluartes, com forma e posição aparentemente idênticas às da atual fortaleza. Dada a inexistência de estudos que estabeleçam claramente o desenvolvimento das obras de fortificação durante o período português (1560‐1658) e holandês (1658‐1796), não é por ora possível senão conjecturar sobre o significado do atual edifício para a história do património de origem portuguesa. É possível, porém, que junto com Batticaloa e Negombo a fortaleza de Mannar tenha sido das menos retocadas após a expulsão dos portugueses, muito embora estejam documentados alguns esforços holandeses para modernizar o conjunto com fosso e contrafortes e, possivelmente, baluartes novos em inícios do século XVIII (projetos de 1708 e 1722). O forte, globalmente bem conservado, situa‐se na ponta oriental da Ilha de Mannar, junto ao canal que a separa da terra firme de Ceilão e à ponte que estabelece a ligação entre as duas. Nota‐se o aspecto particular do pano de muralha oriental, construído num aparelho mais irregular que as outras partes do forte e dotado de ameias que poderão remontar ao período português. As restantes partes, incluindo os baluartes, ostentam um aparelho muito regular, de aspecto mais moderno. É portanto possível que os holandeses tenham melhorado ou remodelado toda a estrutura, à exceção do pano de muralha oriental. Contudo, é precisamente num dos baluartes (no canto nordeste) que existe uma guarita circular de aspecto português. Junto à muralha oriental dotada de ameias situa‐se, no interior da fortaleza, a ruína de uma igreja que poderá também datar do período português, onde se distinguem, na face meridional, um altar ladeado de duas portas em arco completo para acesso à sacristia. Algumas partes destas estruturas mais pequenas constituem‐se de um aparelho miúdo e irregular de pedra e cal.