Igreja da Madre de Deus
Saligão, Goa, Índia
Arquitetura religiosa
Localizada fora da povoação de Saligão, na estrada nova que liga Mapuçá a Calangute, a Igreja da Madre de Deus foi construída, segundo Frei Nascimento Mascarenhas, a partir da vontade de Francisco Salvador Zeferino Pinto, na época presidente da Câmara de Bardez, nascido em Saligão, que mobilizou toda a comunidade. O projeto, da autoria do major Francisco Manuel Ferreira Martins, inspetor das Obras Públicas, foi aprovado em 1865 e a obra teve início a 7 de fevereiro de 1867. A igreja foi consagrada a 26 de novembro de 1873, ano em que se tornou também paroquial. Tem nave única com cobertura de madeira e telhado, capela‐mor com abóbada de canhão e seis altares, estando num deles a imagem da Mãe de Deus que pertenceu à igreja do antigo Convento da Madre de Deus de Dauguim. Alguns altares vieram certamente de igrejas mais antigas, bem como a porta principal de madeira. Foi a primeira igreja construída em Goa em estilo neogótico. Os contrafortes com elementos horizontais rusticados são uma reminiscência do neoclassicismo e, sendo completamente inúteis do ponto de vista estrutural, porque a igreja não é abobadada, constituem apenas um sinal retórico de goticismo. Destaca‐se ainda no seu alçado principal a torre dianteira, influência da Igreja da Glória de Byculla em Bombaim, da qual ressaltam os arcos que seguram o pináculo com a cruz por cima da entrada principal, cuja cenografia se deve, mais uma vez, à vontade de exibir o arco‐botante como elemento estilístico. A casa paroquial anexa é certamente da mesma época. Organizada em torno de um pátio como todas as reitorias franciscanas tradicionais de Bardez, onde foi buscar inspiração, tem uma pormenorização mais simples que a igreja mas é também de inspiração neo‐gótica, com janelas de arcos apontados - o mais comum dos elementos neogóticos, quer em edifícios da Igreja, quer do Estado, quer muitas vezes na arquitetura doméstica. Projetada e construída na década de 1870, a igreja foi a mais moderna de Goa, resultado da crescente influência da Índia inglesa, e nomeadamente da zona de Bombaim, para onde inúmeros goeses emigravam.