Igreja de Nossa Senhora da Penha de França

Igreja de Nossa Senhora da Penha de França

Britona, Goa, Índia

Arquitetura religiosa

A Igreja da Penha de França é das mais extraordinariamente localizadas igrejas de Goa, das mais visíveis a longa distância, das mais notadas por todos os visitantes do território. Situa‑se num esporão rochoso quase raso à água do Mandovi, virada ao sol nascente, quando a margem do rio curva em cotovelo para norte, frente à Ponte de Linhares, do outro lado do rio. A fachada está constantemente no horizonte de quem, pelo rio ou por terra, vem de Velha Goa para a foz. Existente desde o início da cristianização de Bardez pelos franciscanos, a igreja da Reitoria de Britona ou da Penha de França é potencialmente um dos edifícios mais interessantes da arquitetura religiosa em Goa - se ao menos soubéssemos alguma coisa de preciso acerca da sua construção, o que não é o caso. Os dados publicados indicam que a igreja que hoje visitamos foi construída inicialmente a partir de 1626 por Ana de Azevedo, professa da Ordem Terceira de São Francisco, que doou a igreja e os terrenos vizinhos aos franciscanos. A partir de 1655 teria sido reconstruída desde os alicerces por iniciativa franciscana. Acontece que a fachada apresenta torres poligonais no coroamento, as quais só terão surgido na arquitetura de Goa com as obras da igreja‑mãe dos franciscanos, São Francisco de Assis de Velha Goa, erguida na década de 1660 e seguintes. Sucede também que está coberta de abóbada tanto na capela‑mor como na própria nave - o que é muito raro em igrejas paroquiais - e que estas abóbadas são de canhão com penetrações, um tipo de cobertura que também só parece ter‑se divulgado na arquitetura de Goa após a década de 1650 e por influência das obras dos jesuítas e teatinos em velha Goa. Temos de concluir que ou a Igreja da Penha de França constituiu um modelo experimental da arquitetura franciscana ou a data de 1655 avançada até agora para a obra está errada. Com exceção do coroamento, a fachada principal da igreja segue o modelo franciscano tradicional, tendo na base uma galilé aberta por três arcos com o central mais largo, da qual se desce por uma escadaria de dois lances afrontados para a margem do rio e o cais que antigamente era o principal ponto de acesso à igreja. O interior é de nave única sem capelas laterais e com falso transepto, com coro alto suportado pela galilé. O edifício da antiga reitoria situa ‑se a sul, articulado por um pátio. A norte fica o terreiro para onde a igreja vira uma fachada lateral tratada como fachada de aparato, como por vezes sucede em Goa, através de uma teoria de janelas com frontões e uma dupla ordem de pilastras. O terreiro está a uma cota mais baixa que a igreja, acedendo‑se à porta lateral norte por uma escada de dois lances afrontados, como sucede na entrada principal. Em meados da década de 1990, esta porta foi dotada de um pórtico de betão, datando também de então o atual telhado da igreja.

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