Bairro da Associação do Montepio da Polícia do Estado da Índia
Diu, Guzerate, Índia
Habitação
Nos últimos anos da existência do Estado da Índia, houve alguma preocupação em melhorar as condições domésticas das populações menos favorecidas. No território de Diu subsistem dois exemplos das intervenções
disso resultantes.
O Bairro da Associação do Montepio da Polícia do Estado da Índia situa ‑se muito perto do antigo convento franciscano da cidade. No contexto do território, as suas características revelam ‑nos uma arquitetura modernista marcada pela métrica, repetição e ritmo de uma fachada ‑grelha abstrata, interceptada longitudinalmente por uma galeria em consola, terminando nos topos com duas elegantes escadas, destacadas das empenas.
Pelo menos formalmente, este bairro faz parte de um conjunto de outras intervenções de habitação económica para funcionários do Estado, como será o caso do Bairro São Francisco Xavier, em Pangim, onde um dos blocos também recorre ao tema da grelhagem quadrangular na fachada principal, embora de forma mais
modesta. Todo o conjunto aposta na repetição de módulos (fogos), que se associam e sobrepõem formando
dois pisos, em unidades de pares de grelhagens de modo a deixar vazios de idêntica dimensão entre novos agrupamentos que marcam as entradas.
Verifica ‑se uma grande coerência entre tipologia e expressão arquitetónica, que procura levar ao limite a otimização do espaço útil interior, resolvendo de forma ímpar o recato entre vizinhos no espaço privado exterior, resguardado por detrás das grelhas. Esse espaço é acessível por galeria, no caso do piso superior, e longitudinalmente no recuo do passeio no piso térreo. No fogo, a organização do espaço comum reduz a área de
circulação ao mínimo, resguardando a intimidade da casa através de uma subtil parede de transição entre o espaço de receber, comer e estar. A tardoz localiza ‑se a zona de águas, onde a pequena cozinha integra uma zona de lavagem de roupa e banho, enquanto o sanitários e individualiza.
Este bairro constitui uma experiência exemplar no contexto dos conjuntos habitacionais projetados e construídos no século XX nos territórios de influência portuguesa, pela capacidade de fundir princípios do modernismo internacional ao clima local e às exigentes imposições programáticas e económicas e, ainda, aos aspectos fundamentais da cultura local, tornando ‑o numa obra de elevada qualidade, caracterizada pelo rigoroso cumprimento da sua função social e pelo universalismo cultural da expressão arquitetónica.133