Aqueduto da Carioca e Chafarizes da Glória, Lagarto, Saracuras, Riachuelo e Paulo Fernandes

Aqueduto da Carioca e Chafarizes da Glória, Lagarto, Saracuras, Riachuelo e Paulo Fernandes

Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

Equipamentos e infraestruturas

O problema do abastecimento de água potável afligiu a cidade do Rio de Janeiro nos seus dois primeiros séculos de existência. A cidade no Morro do Castelo e na várzea ficava longe dos mananciais de água potável. A constante escassez de água fará com que os governadores da cidade no tempo de D. João V procurem sanar o problema trazendo, através de um sistema de canalização, as águas da nascente do Rio da Carioca, no Morro de Santa Teresa, para a cidade. As obras tiveram início entre 1719 e 1723, no governo de Aires Saldanha, que além da canalização ao longo da encosta constrói um aqueduto ligando o morro de Santa Teresa ao morro de Santo António, este já nos limites da cidade. Não se sabe como seria esse primeiro aqueduto, mas em já 1735 o brigadeiro Silva Paes se queixava do seu mau estado. O aqueduto ganhou a forma atual, em dupla arcaria romana, no governo de Gomes Freire de Andrade, entre 1744 e 1750. É o maior aqueduto construído pelos portugueses no Brasil. Apresenta duas fileiras superpostas de 42 arcos plenos, atravessando o vale numa distância de 270 metros e com 17,60 metros de altura. Na realidade, o sistema completo de canalização se estendia por 6.600 metros, desde a mãe d’água na nascente do Rio da Carioca até ao chafariz, o primeiro da cidade, construído no largo fronteiro ao Convento de Santo António, e que por isso passaria a ser denominado como Chafariz da Carioca. Desde 1896 o aqueduto funciona como viaduto de acesso de elétricos ao Bairro de Santa Teresa. Na restauração, feita na década de 1960, os pequenos arcos ogivais que completavam a composição foram fechados com alvenaria. Os vice‐reis buscaram ampliar o abastecimento da cidade com a construção de uma série de chafarizes na cidade e nos caminhos que conduziam aos arrabaldes. O Chafariz da Glória foi construído em 1772, durante o vice‐reinado do marquês de Lavradio, na base da encosta do Morro de Santa Teresa, no caminho que conduzia a Glória. Era um dos mais movimentados acessos aos arrabaldes da cidade. É um chafariz parietal, com tanque em gnaisse lavrado da região e a parede em alvenaria caiada, encimada por frontão curvo interrompido que se apoia em pilastras duplas. Coroa a composição um vaso de mármore. O Chafariz do Lagarto foi construído em 1786, sob o governo do vice‐rei Luís de Vasconcellos, no Caminho de Mata Porcos, que conduzia da cidade aos engenhos da Tijuca e São Cristóvão. Ele trazia as águas do Rio Catumbi, tendo sido realizado a custas do Senado da Câmara, conforme a inscrição existente sobre o nicho de onde vertia a água, "ao sedento povo o senado deu água em abundância no ano de 1786". É também um chafariz parietal, coroado com frontão curvo. O nome do chafariz se deve ao lagarto de bronze no nicho, atribuído a mestre Valentim. O Chafariz das Saracuras foi construído em 1795, durante o vice‐reinado do conde de Resende, no claustro do Convento da Ajuda. Todo em granito aparelhado, recebia as águas do Aqueduto da Carioca. Obra de mestre Valentim, é composto de base circular com quatro tanques, e entre estes escadas de três degraus que acessam a taça circular, em cujo centro se encontra um obelisco em granito ao qual estão apostas em lioz uma cartela e as armas do vice‐rei. As bicas em bronze foram fundidas na Casa do Trem, e representam saracuras, aves pernaltas locais, que do obelisco vertem água na bacia central e desta caem nos tanques pelas bocas de tartarugas. Com a demolição do Convento da Ajuda na década de 1920, o chafariz foi transferido para uma praça no Bairro de Ipanema. Com a vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro em 1808, a Intendência da Polícia, criada pelo príncipe regente, irá se ocupar do abastecimento de água da cidade. O Chafariz da Rua Riachuelo foi construído em 1817. Foi solicitado ao rei por moradores do antigo Caminho de Matacavalo, por não haver fonte de abastecimento na região, que começava a ser intensamente ocupada com residências abastadas. Foram captadas águas de uma nascente no Morro de Santa Teresa, que desembocavam no pequeno chafariz parietal com três bicas e um único tanque sobre o qual se encontra uma cartela com a data e os dizeres "O Rey por bem do seu povo mandou fazer e oferecido pela policia." O Chafariz de Paulo Fernandes, que ficou com o nome do intendente da polícia, faz parte de um sistema que levava as águas do Rio Catumbi até ao chafariz que existia no Campo de Santana, inaugurado solenemente pelo rei em 1818. Situado muito próximo do Chafariz do Lagarto, no mesmo Caminho de Mata Porcos, recebia as águas de um aqueduto no morro e a partir dele estas seguiam por um encanamento subterrâneo até ao Campo de Santana. A isso se deve sua singular forma, uma torre encostada ao morro na base da qual há um tanque com três bicas. A parte superior da torre é contornada por uma varanda, assentada sobre grandes volutas que coroam os cunhais.

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