
Igreja e Mosteiro de São Bento
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Arquitetura religiosa
Ao chegarem ao Rio de Janeiro em 1586, os beneditinos vão se instalar inicialmente na praia nas cercanias da cidade, onde erguem uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Ó. Em 1590, eles se transferem para uma colina no extremo dessa praia e que lhes fora doada por Manoel de Brito. Ali vão edificar sua igreja e mosteiro. As obras do templo, dedicado a Nossa Senhora de Monserrate, iniciaram‐se em 1617, de acordo com risco de Francisco Frias de Mesquita, engenheiro‐mor do Brasil. Em 1669 já estavam edificadas a igreja de nave única com galilé, a fachada e a ala frontal do mosteiro. Nesse ano assumiu os trabalhos Frei Bernardo de São Bento, que iria promover uma série de ampliações, dando ao conjunto o aspecto que tem hoje. Na igreja construiu as duas naves laterais e a sacristia, e no mosteiro completou a quadra. A fachada da igreja tem duas torres e galilé de três vãos, fechada com grades de ferro em 1880. A cada arco corresponde uma janela no sobrado, e no frontão triangular uma janela quadrada ilumina o coro. A galilé é toda revestida de cantaria e cunhais, pilastras e cornijas marcam o resto da composição, dentro do padrão da arquitetura da engenharia militar portuguesa. As torres têm cobertura em pirâmide de alvenaria e quatro pilares esféricos de granito. Nas portadas de acesso ao mosteiro temos dois elegantes copiares com colunas de granito. O mosteiro se desenvolve em torno de um claustro quadrado, reedificado em 1743 de acordo com risco do brigadeiro José Fernandes Alpoim, com arcadas nas galerias ao rés‐do‐chão e janelas de púlpito com balcões sacados no sobrado. A igreja apresenta o característico contraste da arte portuguesa entre a sobriedade chã da sua fachada e a opulência barroca do seu interior. Neste predomina o estilo nacional português, por obra do risco de Frei Domingos da Conceição, natural de Matosinhos, mas podemos identificar três momentos estilísticos perfeitamente integrados: o maneirismo da decoração pictórica da abóbada da nave, com apainelados geométricos com fingimentos de mármore; o barroco nacional português, com o revestimento total de pilastras, paredes e altares das naves principal e laterais em talha dourada com folhas de acanto, anjinhos, guirlandas e pássaros, e os painéis do teto da capela‐mor representando santos da Ordem Beneditina; e o rococó do altar da capela‐mor, do arco‐cruzeiro e da capela do Santíssimo. Colabora para a sensação de unidade a opção dos mestres do final do século XVIII de dourar toda a talha rococó, sem usar os fundos claros característicos do estilo. A talha foi iniciada em 1669 por Frei Domingos da Conceição e terminada em 1717 por José da Conceição, Alexandre Machado Pereira e Simão Cunha. O teto da capela‐mor, em painéis pintados por Frei Ricardo do Pilar, é do século XVII. Em 1788 e 1794 as talhas da capela‐mor e arco‐cruzeiro foram substituídas por outras de feição rococó, obra de Inácio Ferreira Pinto. De 1795 a 1800 é executada a talha rococó da capela do Santíssimo, de autor desconhecido. Nas laterais do arco‐cruzeiro os imensos lampadários de prata são obra de mestre Valentim. A sacristia tem altar com talha de Alexandre Pereira, emoldurando painel de Frei Ricardo do Pilar representando o Senhor dos Martírios. A capela das relíquias tem altar em talha rococó, das mais expressivas do Rio de Janeiro, de autoria desconhecida.