Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Santo António dos Pretos
Recife, Pernambuco, Brasil
Arquitetura religiosa
Antes da atual igreja existiu uma menor, construída depois de 1654 sobre uma defesa avançada do grande alojamento holandês da Cidade Maurícia. Tal lugar foi doado aos pretos de uma irmandade, dedicados a Nossa Senhora do Rosário, para construção de sua igreja. Tal ocorreu por ser o chão de propriedade da fazenda real. A primeira, sendo pequena ou ameaçando ruir, foi substituída por aquela. Em 1739 começou a edificação da fachada atual, de excelente talha em pedra. Não existem dúvidas quanto à influência da igreja dos frades carmelitas da mesma cidade sobre essa edificação. Essa fachada, desde a altura do coro, denota claramente o gosto dominante no Recife na segunda metade do século XVIII, onde os frontões têm nichos vazados bem singulares. A data de 1777 é afim com as características artísticas do estilo rococó. O interior da igreja foi definido segundo um modelo comum, representado pela disposição da nave e capela‐mor constituindo um espaço contínuo, com corredores laterais e sacristia num dos lados. A ornamentação interior é da segunda metade do século XVIII, rococó, e a escolha das cores talvez indique a preferência dos negros por tonalidades fortes. Os negros escravos participaram forte‐ mente da construção, inclusive usando um tempo livre de trabalho autorizado pelos senhores. Dessa igreja saía o célebre cortejo dos Reis do Congo, onde por um dia reinavam os negros no Recife, que é talvez a origem mais remota do Maracatu atual.