
Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares
Recife, Pernambuco, Brasil
Arquitetura religiosa
A atual Rua Nova, no Recife, não remonta ao "tempo dos holandeses", apesar de prevista no Plano de Intervenção de 1639, atribuído ao engenheiro Pieter Post, para a Ilha de António Vaz, executado pelo governador João Maurício de Nassau (1637‐1644). Ela começou a ser materializada depois de 1654 em data incerta. Na segunda quadra dessa rua, os sargentos e soldados do Terço da Infantaria da guarnição do Recife, organizados em irmandade, adquiriram um terreno para iniciar a construção de uma igreja para seu uso e dedicada a Nossa Senhora da Conceição. A igreja teria começado na sua forma atual depois de 1722. Com planta baixa muito curiosa, era esta constituída pela nave única com capela‐mor; atrás desta, uma grande sacristia com dois acessos que se ligam simetricamente à fachada principal através de duas antessalas e dois corredores; em cima da sacristia e em iguais dimensões situou‐se o consistório; chegava‐se ao mesmo por meio de duas escadas simétricas, primitivamente ao ar livre, hoje protegidas por paredes. Os corredores no térreo se abriam para o exterior até o limite das antes‐salas da sacristia, em uma série de arcadas, espécie de loggias que dariam talvez para jardins hoje desaparecidos. Um dos corredores ainda existe. O notável nessa igreja é a ornamentação interior em talha. A capela‐mor e arco‐cruzeiro, assim como os altares colaterais, filiam‐se ao gosto D. João V, enquanto o forro da nave está mais próximo à talha do Norte de Portugal e do período de atuação do arquiteto Nicolau Nazonni e do escultor André Soares. É talha do rococó do Norte português. Notável nesse forro é uma varanda entalhada que corre à volta da nave, caso único no Recife. Os elementos decorativos do forro da nave envolvem pinturas de boa qualidade, com temática ligada à hagiografia mariana. O artista fez uso de gravuras antigas, uma vez que algumas das representações eram pouco usuais, e até estavam proibidas pela igreja. Uma delas apresenta no seio de Maria um "homúnculo" cuja origem iconográfica se encontra no final da Idade Média: uma representação da devoção da Imaculada que incluía no seio de Maria uma figura humana de uma criança gerada por completo. No sub-coro uma pintura, mandada fazer pelo governador José César de Menezes, em 1781, representa uma das batalhas dos Montes Guararapes.