Catedral de Nossa Senhora da Graça
Belém, Pará, Brasil
Arquitetura religiosa
No ano mesmo da fundação da cidade, em 1616, uma pequena ermida com cobertura de palha foi construída dentro do Forte do Presépio, sob a invocação de Nossa Senhora da Graça. Por volta de 1619, transferiu‐se a igreja para a praça diante do forte, sediando ali a matriz. Construída em taipa de pilão e com cobertura inicialmente também em palha, a igreja teve uma primeira reforma em 1639 e outra em 1653. Em 1717, com a criação do bispado, passou a Sé Episcopal. Em 1723, uma ordem régia de D. João V determina a construção de uma nova igreja que correspondesse à dignidade do bispado. O primeiro bispo, D. Frei Bartolomeu do Pilar, chegou em 1724 e deu início à obra pela capela‐mor. O segundo bispo, D. Frei Guilherme de São José, colocou a pedra fundamental da nave em 3 de maio de 1748, depois de decidir que deveria construí‐la por fora das paredes arruinadas da antiga igreja. O projeto terá vindo de Lisboa, e o responsável pela obra em Belém era o mestre pedreiro Manuel João da Maia. Depois de interrupções, em 1755 estava fechada a abóbada e concluída a nave, até ao arco da capela‐mor. D. Frei Miguel de Bulhões, o quarto bispo do Pará, fez neste ano a trasladação do Santíssimo Sacramento, que se encontrava provisoriamente na Igreja de São João Baptista. A pre‐ visão do bispo era que em dois anos as obras estivessem concluídas. No entanto, foram interrompidas cerca de 1761 e retomadas em 1766, ficando finalmente terminadas só em 1772, quando se concluiu a fachada e a cabeceira entretanto refeita. A igreja tem planta em cruz latina com nave única, capelas laterais apenas inseridas nas paredes e capela‐mor bastante profunda. A cobertura, em abóbada de penetrações, é rasgada por janelas. Dois corredores ladeiam a nave e dão acesso a um conjunto de salas laterais. Os corredores culminam na sala dos pontificiais, no lado do Evangelho, e sacristia no lado da Epístola. Estes dois recintos e o remate da fachada foram obra de Landi, assim como alguns elementos da decoração que ainda subsistem. Na fachada, Landi procurou reequilibrar a excessiva largura do templo, acrescentando os pináculos que ladeiam o frontão e dotam o edifício de extrema leveza. Entre 1888 e 1892 a igreja sofreu obras de restauro, que modificaram sobretudo a decoração interior. Foram substituídos os retábulos rococó originais do altar‐mor e do transepto. Também se substituíram as telas dos altares laterais, e foi realizada uma pintura, na abóbada, representando o bispo D. António Macedo Costa entregando a Sé reformada à cidade, da autoria de Domenico de Angelis. Entre 1965 e 1972, a igreja foi objeto de restauro para consolidar a estrutura do telhado. Em 2005 tiveram início novas obras de recuperação, inseridas no projeto Feliz Lusitânia.