
Liceu Afonso de Albuquerque
Panaji [Panagi/Pangim/Panjim/Nova Goa], Goa, Índia
Equipamentos e infraestruturas
Criado em 1854, o Liceu Nacional de Nova Goa funcionou até 1927 no edifício do Quartel de Artilharia, dentro do qual ocupou vários espaços. Foi somente em 1923 que o Estado comprou à Santa Casa da Misericórdia um edifício já em construção para aí instalar o Liceu. Este seria o primeiro de um conjunto de cinco pavilhões cujo processo de edificação se iniciou em 1908 e só terminou em meados da década de 1940. Localizado no Altinho, na extremidade do monte junto ao Corte do Outeiro, o terreno onde se implantou aquele que seria o primeiro pavilhão do liceu foi oferecido pelo Estado à Misericórdia, para a construção do novo Recolhimento da Serra. Situava‐se numa posição privilegiada, podendo ser visto à distância de vários pontos da cidade. A construção do edifício foi um processo conturbado. A primeira pedra foi lançada em 1908 e é provável que nesta altura tenha sido desenhado um primeiro projeto, que terá sido abandonado quando Norton de Matos, então provedor da Santa Casa, regressou a Lisboa. Somente em 1916 este processo foi retomado. Foi feito um novo projeto por Francisco de Sousa Brito, condutor das Obras Públicas, e as obras iniciaram‐se tendo como responsável Agostinho Velho, empreiteiro de Pangim. Porém nesse mesmo ano, após a mudança de provedor da Misericórdia, foi dado início a um novo projeto desenhado por Luís Maravilhas, à data diretor interino das Obras Públicas, aproveitando as fundações já entretanto construídas. As obras foram interrompidas novamente, devido a problemas internos da Misericórdia, para recomeçarem em 1921 com algumas alterações, cuja autoria se desconhece, no estilo do alçado principal, que passou ser neogótico. As obras foram interrompidas novamente em 1923 aquando da compra do edifício para liceu, o qual no entanto apenas se mudou para as novas instalações em 1927. O primeiro pavilhão é a maior construção do conjunto que formaria, anos mais tarde, o Liceu Afonso de Albuquerque. Após a aquisição do edifício, seguiu-se a construção dos outros pavilhões, num ritmo bastante lento. O segundo pavilhão, localizado no seu lado poente, teve início logo no ano económico 1923‐1924. Do lado oposto, o terceiro pavilhão foi construído em 1930. Apenas em 1941 se iniciou a construção do quarto pavilhão, o mais afastado, do lado poente, e o quinto pavilhão, que encerrou o pátio, foi inaugurado no início de 1946. Os desenhos das fachadas dos pavilhões 2, 4 e 5 são muito semelhantes ao do primeiro: arcos neogóticos, molduras dos vãos com o mesmo desenho, janelas de sacada em ambos os pisos. O pavilhão 3 é diferente: apresenta‐se com arcos de volta inteira ao longo de toda a fachada principal, e ao nível das plantas é o único com um corredor central. Esta opção pode dever‐se ao facto de ser neste edifício que se localizavam os programas de exceção, como os serviços administrativos, o ginásio e o gabinete médico. Nos outros pavilhões, os acessos centrais são feitos diretamente para os compartimentos, e os pavilhões 2 e 4 possuem galerias numa das fachadas. O edifício para o Recolhimento da Serra, construído pela Misericórdia, foi a primeira construção em Goa onde se adotou uma solução em planta com galerias corridas e os compartimentos no meio, de modo a haver ventilação transversal e a estarem abrigados da chuva e do sol. Uma solução perfeitamente adaptada ao clima, com influências do território vizinho, que foi posterior‐ mente utilizada no Pavilhão do Hospital Escolar, em Pangim, e no Hospital de Nossa Senhora dos Milagres, em Mapuçá. Para além da sua implantação privilegiada, da sua escala e da sua história (que reflete os problemas internos da Misericórdia, e desta em relação à restante sociedade goesa), este edifício manteve os pressupostos defendidos pelo projeto de Luís Maravilhas: continuou a destacar‐se como uma construção moderna, quer pela sua linguagem, quer pela sua tipologia, e de exceção no panorama edificado de Goa. Foram feitas recentemente obras de recuperação em todos os pavilhões, e hoje funciona aqui o High Court of Bombay in Goa.