
Quartel de Artilharia
Panaji [Panagi/Pangim/Panjim/Nova Goa], Goa, Índia
Arquitetura militar
Segundo Bernardo Peres da Silva, o vice ‑rei Manuel de Portugal e Castro mandou construir contra as ordens de Lisboa o Quartel de Artilharia, que terá sido iniciado por volta de 1829 e dado por concluído em 1832, conforme a inscrição que se encontra por cima da porta na sua fachada nascente. Com a forma de um quadrângulo irregular, o edifício ocupa um quarteirão inteiro, e era composto por volumes de um só piso, de onde sobressaíam três torreões em cada fachada, localizados nos cantos e no centro de cada volume. Do lado sul, embora em planta se possa observar um volume retangular bem definido, que fecha o quadrilátero, cedo se lhe juntou um conjunto de construções que definem o alçado para a Rua Mahatma Gandhi. É provável que algumas destas construções tenham surgido na mesma época que o próprio edifício do Quartel, uma vez que a Biblioteca, que Lopes Mendes refere como tendo sido aqui instalada logo em 1832, funcionou num corpo que ocupava o canto sul ‑nascente, ou seja, no lado oposto ao local onde funciona hoje. Foram diversas as funções que ocuparam os espaços do Quartel. Em 1842, às diversas funções militares e à Biblioteca, juntavam ‑se a Academia Militar e de Marinha, a Relação e um teatro. Ao longo dos tempos funcionou aqui o Liceu, no mesmo local que a Biblioteca, a Imprensa Nacional, o Instituto Profissional, a Fazenda, alguns serviços camarários e o Instituto Vasco da Gama, entre outros. Ao longo dos tempos, o edifício sofreu diversas alterações à medida que se iam instalando os diferentes serviços, de entre as quais ressaltam a passagem para dois pisos de toda a fachada norte, provavelmente nos finais do século XIX, e a modificação feita na fachada nascente, já após 1961, que também passou a ser um volume contínuo. Também a fachada poente passou a ter dois pisos e nos últimos anos foram acrescentadas varandas, que descaracterizaram bastante a construção. O quartel tem uma linguagem simples, funcional e rigorosamente marcada pelo ritmo das suas aberturas e torreões. Sabe‑se que na construção foram utilizadas pedras vindas da velha cidade de Goa, que se adivinham nas portas de entrada dos torreões centrais das fachadas nascente e norte. Apesar de todas as intervenções feitas, o Quartel de Artilharia é das mais antigas e mantêm‑se uma das mais importantes construções da cidade de Pangim.