Liceu Nacional Patrice Lumumba [antigo Colégio-Liceu de S. Tomé / Liceu Nacional D. João II]
São Tomé, Ilha de São Tomé, São Tomé e Príncipe
Equipamentos e infraestruturas
O atual Liceu Nacional Patrice Lumumba, antigo Liceu Nacional D. João II, é um equipamento-chave em São Tomé no quadro da produção portuguesa para o território. O edifício, com apenas um piso, situa-se no prolongamento da atual rua de Angola, e foi sucessivamente ampliado até à atualidade. O projeto original, datado de 1952, é da autoria de Lucínio Cruz.
Realizado no âmbito do GUU, o projeto do Colégio-Liceu, de planta em L e originalmente com dois pisos, destinava-se a "ser construído nas regiões quentes, devendo ser protegido contra a incidência solar e humidade". O conjunto seria composto por um edifício principal, ginásio e oficinas e destinava-se a 175 alunos.
O projeto reflete uma tendência de adequação das construções aos trópicos, informando os argumentos técnicos e transmitindo-se aos elementos plásticos. Esta intenção encontra-se expressa na composição das fachadas, através dos elementos arquitetónicos que as condições climáticas locais obrigam a adotar para protecção e defesa dos raios solares. Palas sobre os vãos e planos salientes são alguns dos temas trabalhados pelo arquiteto. A segunda grande questão coloca-se em relação à ventilação e ventos dominantes que determinam a orientação da implantação do edifício, de modo a que a "fachada de maior desenvolvimento fique defendida contra a insolação e possa ao mesmo tempo beneficiar dos ventos dominantes".
Por fim, o desenho da cobertura procura dar resposta à transmissão térmica entre exterior e interior através da ventilação da caixa de ar sob a cobertura originalmente inclinada e de quatro águas que se transformou em cobertura plana, provavelmente devido à não execução do 2º piso previsto. Segundo a prática habitual destes arquitetos, a planta espelha a organização funcional do programa, e o corte soluciona as questões climáticas (insolação e ventilação cruzada).
O liceu santomense é contemporâneo das escolas profissionais angolanas de Luanda e do Huambo, antecedendo as Normas para as instalações dos Liceus e Escolas do Ensino profissional nas províncias ultramarinas, redigidas quatro anos depois pelos técnicos do Gabinete (Campos, Aguiar, Machado, 1956). A fixação de princípios base para programas com a importância dos equipamentos escolares reforça a cultura de projeto praticada pelos técnicos do Gabinete, procurando otimizar meios existentes e conhecimentos adquiridos.
Em 2012 a escola encontrava-se num estado muito próximo do original e em pleno uso.
Ana Vaz Milheiro
Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitectónica.
(PTDC/AUR-AQI/104964/2008)