
Casa Loyola Furtado
Chinchinim, Goa, Índia
Habitação
De acordo com informação recolhida junto dos irmãos Regenda de Loyola Furtado e Miguel Loyala Furtado, a casa da família foi mandada construir, no século XIX, por Cristóvão Gabriel Furtado. Localizada em Chinchinim, a Casa Loyola Furtado apresenta um só piso e integra-se na tipologia de casa-pátio, com origem na tradição hindu.
A habitação, pintada de branco, atinge o auge decorativo na fachada principal, marcada por uma plataforma alta e pela manifesta amplitude. No alçado principal, abre-se uma varanda corrida com um gradeamento pintado de castanho. As janelas de sacada apresentam molduras, pintadas na mesma cor do gradeamento, a guarnecer os arcos polibolados. No remate superior das janelas foi aplicado um beirado composto de uma chapa metálica ondulada para proporcionar sombra nos dias de sol e abrigar da chuva na época das monções.
Ainda na fachada, um alpendre com dois andares sobrepostos, conhecido como balcão ou balcony, articula-se com a varanda, centralizando completamente a atenção decorativa. Acede-se ao andar térreo, ladeado por colunas e pilares quadrangulares, por meio de uma larga escadaria que lhe confere dinamismo e movimento. As colunas constituem uma presença constante na casa-pátio, surgindo utilizadas no apoio do alpendre, com capitéis de inspiração coríntia, apresentando formas exóticas e motivos florais. O alpendre superior é rematado por uma varanda com teto alto e cobertura de quatro águas, de forte inclinação, elevada muito acima da cumeeira da casa.
No interior da casa, existem vários pátios, conhecidos em Goa como rozangon, com origem no raj angon hindu, a partir dos quais se desenvolvem e organizam as dependências domésticas. Um grandioso e imponente salão, articulado com a varanda e voltado para o exterior, suplanta qualquer outra dependência. Apresenta-se com planta retangular, circundado de colunas com capitéis de inspiração coríntia e arcos de influência mudéjar, ritmados por colunelos, em tons ocre, que acentuam a verticalidade do espaço. O salão compõe-se de uma expressiva galeria central com corredores laterais. As paredes da galeria estão pintadas com motivos florais brancos e azuis. Os tetos, pintados de branco, são altos e estão decorados com pequenos florões e motivos geométricos. Associado ao luxo e ao gosto pelo exótico, caraterístico da época, o salão encontra-se mobilado com canapés, consolas, cadeiras e mesas complementados, de modo coerente, com o decorativismo proporcionado pelos lustres de parede e de teto.
A sala onde se encontra o oratório-altar apresenta afinidades com o vasary, elemento herdado da casa hindu. O vasary, tradicionalmente, descrito como o local de refeições ou casa de jantar e onde se localiza o oratório das famílias cristãs, é pautado pela simetria e por normas claras de composição, devendo ser muito mais comprido do que largo. O oratório-altar da Casa Loyola Furtado, de estética neogótica, compreende três nichos, de arcos trilobados, que rematam numa empena com seis pináculos, sustentados por colunas de fuste canelado, emitindo uma acentuação vertical à composição. A parede do fundo do oratório, correspondente ao nicho central, onde se exibe a Pietá, é decorada com estrelas pintadas, à semelhança do que se pode observar, na mesma época, em Portugal. Do lado esquerdo e assente numa peanha, apresenta-se a imagem do Sagrado Coração de Jesus com São Miguel aos seus pés. Nas bases dos nichos, encontram-se várias imagens devocionais, entre as quais Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora de Lurdes. Na banqueta do oratório, situam-se o Menino Jesus de Praga e a Virgem com o Menino, inserida num redoma de vidro. No remate, observa-se um pequeno corpo retangular, disposto com colunas de fuste canelado, e Santo António, num nicho ao centro. O remate é coroado por um frontão interrompido em asa de morcego.