Cisterna do Palácio (ruínas)

Cisterna do Palácio (ruínas)

Danqaz, África Oriental com a Etiópia, Etiópia

Equipamentos e infraestruturas

Merece especial anotação a excecional cisterna do palácio, com um sofisticado sistema construtivo de muito boa qualidade, notando-se componentes que interligavam o reservatório a dispositivos de água - para rega, tanques ornamentais, ou ainda para consumo dos leões (que dispunham, qual atributo real, de uma "casa" anexa à zona da entrada da morada do senhor). O sistema construtivo da cisterna, ainda bem conservado, é bastante sofisticado: a cobertura, continuando um vasto terraço do palácio, é em pedra com argamassa de cal impermeabilizante (como o "chunambo" indiano). A laje é apoiada numa sucessão de uma dúzia de excelentes arcos de pedra, espaçados a curtos intervalos. Num dos topos existe uma entrada com escada, ainda praticável, desenvolvendo-se em esquadria para vencer um pé-direito de cerca de nove metros. O uso da nova técnica deveu-se ao padre Manuel Magro, provavelmente de origem indiana, que veio para a Etiópia como capelão do patriarca Afonso Mendes, em 1624. Manuel Magro detectou a existência de pedras calcárias semelhantes àquelas com que na Índia (principalmente em Cambaia) se produzia o "chunambo", depois de moídas e cozidas em fornos, obtendo um excelente resultado. No tempo de Pêro Pais, as grandes construções de alvenaria apenas tinham como ligante a argamassa de argila. A importância arquitetónica desta cisterna, associada ao facto de ser do modelo da que existe no palácio do imperador Fasilidas, em Gondar (mas aqui arruinada e incompleta), situa este exemplar num plano de interesse maior, pela sua espetacularidade e por claramente fazer reverter mais este elemento para a determinante portuguesa na criação do "estilo gondariano".

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