Palácio (ruínas)
Danqaz, África Oriental com a Etiópia, Etiópia
Habitação
Tal como no templo jesuíta, foram os mestres indianos e portugueses, dirigidos pelos irmãos arquitetos João Martins e Manuel Magro, que realizaram uma excepcional construção para residência imperial na borda de um impressionante penhasco que delimita a plataforma do sítio, originando o vale profundo de Ghedam Giyorgis (onde se drenam águas que alimentam o lago de onde corre o Nilo). O Palácio de Danqaz, concluído nos finais da década de 1620, é o melhor exemplar de arquitetura civil do "estilo pré-gondariano", não existindo (como em Gorgora Nova) torreões ou cubelos cilíndrico-cónicos rematados por cúpulas de forma ovóide - precisamente os atributos principais do estilo arquitetónico nacionalista que seria depois fundado em violenta reação contra o percurso ideológico-religioso que culminara em Danqaz. Nas ruínas do palácio encontram-se ainda elementos construtivos com significado, como rebocos possivelmente de origem, ainda com vestígios de motivos artísticos decorativos. Também são assinaláveis: os princípios construtivos dos vãos de verga curva e reta (com arcos sobrepostos para descarga das paredes); as peças de madeira estabilizadoras das alvenarias e de função anti-sísmica; os nichos e armários de parede embutidos; os restos de pavimentos de terraços; os vãos com arcos ainda perfeitos, e as chaminés de muito correta execução. Não contando com as construções anexas, a base da implantação rondará os quatrocentos metros quadrados de superfície, desenvolvendo-se em dois altos pisos acima do plano de chegada de uma larga escadaria.