
Catedral (ruínas)
Danqaz, África Oriental com a Etiópia, Etiópia
Arquitetura religiosa
O programa da edificação da Catedral de Danqaz, em cruz latina, parece ter saído de um tratado de arquitetura. O seu autor tentou erigir o melhor em termos construtivos e arquitetónicos: aqui funcionaria a primeira (e, afinal, única) capital católica da Etiópia.
Foi fundada provavelmente em 1625, sendo seu autor o irmão arquiteto João Martins, jesuíta (que já trabalhara na Igreja de Mertule Maryam, e viria a conduzir os trabalhos na de Gorgora Nova). A conclusão da obra e a sua primeira utilização ocorreram em 1628. A planta da igreja resume-se a vinte e sete metros de comprimento, encontrando-se ainda de pé os arcos do transepto. As abóbadas de berço, com caixotões decorados em pedra (lembrando o sistema goês das grandes realizações da arquitetura religiosa barroca indo-portuguesa), ruíram na quase totalidade. Apenas na zona do altar-mor subsistem pequenas secções do belíssimo trabalho de pedreiro que para ali foi transplantado. No topo do braço noroeste do transepto, do lado da Epístola, notam-se ainda os restos de uma composição de altar renascentista, induzindo uma leitura de grande depuramento estilístico europeu. Anexadas à forma nítida da cruz latina, diversas paredes de alvenaria mantêm-se em pé, informando sobre a importância de uma intervenção arqueológica, que um dia poderá ser reveladora.