Fortaleza

Fortaleza

Khawr Fakkân [Corfação, Kor-Fakkan, Hur-Faakkãn, Orfacão], Golfo Pérsico | Mar Vermelho, Emiratos Árabes Unidos

Arquitetura militar

No dealbar do século XVI, a cidade e porto de Corfação estavam defendidos por uma larga cintura amuralhada virada a terra, barrando o desfiladeiro que rompe a cadeia montanhosa paralela à costa e facultando a comunicação com o interior continental. Nesta estrutura monumental abria‐se uma única porta, defendida por uma torre. O receio das investidas tribais justificava esta medida. Para os portugueses, o inimigo estava na cidade ou chegava por mar. No quadro das campanhas militares e de fortificação dirigidas pelo capitão Freire de Andrade, determina‐se a construção de um forte na zona ribeirinha da urbe, protegendo a baía. O capitão Gaspar Leite ficou incumbido da missão, principiada em 1621. Edificou‐se uma fortaleza de planta triangular, com baluartes nos ângulos, tipologia aplicada noutros pontos da costa, como Sibo e Borca, e na que coadjuvava Curiate, reduzindo‐se tempo e custos em relação à planta quadrangular, mais usual (apesar destas vantagens, a cobertura dos ângulos mortos não era total e os arquitetos da altura davam preferência às configurações quadrangulares ou pentagonais). Tal como nas demais fortificações congéneres, um dos três lanços de muralha implantava‐se em paralelo à orla marítima, permitindo, pela disposição da artilharia, um maior poder de fogo sobre a baía. Intramuros, centralizado, erguia‐se um baluarte circular, provido de cisterna (provavelmente anterior ao perímetro murado), um poço de água e um grande tanque para bebedouro dos animais e, em posição de canto, a casa do capitão e a feitoria. A guarnição era de quinze homens, lascarins, que ocupavam pequenas casas, erigidas do mesmo modo que as da vila. A escassez de pedra na região levou à utilização da taipa e do adobe, materiais dominados pelos artífices locais, os quais constituíram, naturalmente, a quase totalidade da mão‐de‐obra. Em 1666, Corfação foi avistada pela tripulação de um navio holandês, que registou, no diário de bordo, a visão desolada do forte português, abandonado e em ruínas. Hoje, aparentemente, nada sobrevive desta estrutura fortificada. Como memória, ficou o desenho seiscentista que, nomeadamente, António Bocarro nos legou.

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