Forte de Coimbra
Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil
Arquitetura militar
O lugar inicialmente planeado para a criação de um posto fortificado no Paraguai era o famoso “Fecho de Morros”, uma posição geográfica privilegiada que estabelecia uma espécie de estreito no imenso leito do rio, garantindo a possibilidade de fechar a navegação para quem o dominasse. Uma situação como essa era rara, dadas as características especiais do Rio Paraguai, que no período das cheias praticamente triplicava o tamanho do seu leito, impossibilitando, com o armamento disponível na altura, qualquer controle sobre a navegação. O capitão Mathias Ribeiro da Costa foi instruído para buscar este local e ali instalar a fortificação, mas foi induzido em erro pela similitude da paisagem e fundou a sua estacada cerca de duas léguas antes do verdadeiro “Fecho de Morros” num local que, coincidentemente, também tinha dois morros. O capitão chegou ali em setembro de 1775. Fez imediatamente a nova fortaleza, tomando, ou retomando, posse do lugar em nome da coroa portuguesa. Facto especialmente importante é que esta fundação se fez na margem ocidental do Rio Paraguai.
Em dezembro do mesmo ano, o governador Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres mandou outro oficial mais experiente para realizar a eventual retificação do erro de localização. O sargento‐mor Marcelino Rodrigues Camponês deveria examinar a possibilidade efetiva de fortificar também a margem oriental do rio, onde caso não fosse possível fazer forte deveriam ser instaladas roças e plantações, sem jamais abandonar a margem ocidental. Ordenava‐se também que fosse feita uma expedição para explorar as imediações e encontrar a melhor localização para o forte. O sertanista João Leme do Prado partiu logo em janeiro de 1776. Tendo examinado o sítio do verdadeiro Fecho de Morros, concluiu que, apesar de ser melhor localizado em termos estratégicos, o local não era bem servido de campos, o que dificultaria a manutenção da fortaleza que ali se instalasse. O sertanista e o sargento‐mor preferiram então manter o Forte onde já estava localizado. O “forte” resumia‐se então a um retângulo de 480 x 160 palmos, com pequenas saliências nos cantos e a meio dos lados, que eram os “baluartes” dedicados a Santa Ana, São Gonçalo, São Tiago e Nossa Senhora da Conceição. Era então identificado como presídio de Nova Coimbra ou Coimbra a Nova. Entre 1790 e 1793 a defesa do Rio Paraguai português esteve a cargo do engenheiro Joaquim José Ferreira. Foram realizados alguns reparos na estacada, com madeiras que vieram da povoação de Albuquerque, mas o forte continuava a ser o mesmo pequeno reduto que existia desde a reconstrução após o incêndio de 1777. Em 1797, Ricardo Franco de Almeida Serra assumiu a defesa da região. Nesse mesmo ano, o engenheiro realizou o projeto da nova fortificação e começou a sua construção. Trata-se de uma fortificação irregular que se adaptou ao muito acidentado terreno do morro onde se localizava. O resultado final foi uma estrutura com um belíssimo sentido paisagístico. A nova obra, de caráter permanente, recebeu o nome de Forte de Coimbra. A partir de 1801 desaparece aos poucos o indicativo - presídio - e o aditivo - Nova - e afirma-se o nome Forte de Coimbra. Em 1942 tentou-se mudar o nome do forte para Forte Portocarrero, por interpretação incorreta do Decreto 4.027, de 16/01/42, no qual apenas se deu o nome de Portocarrero ao grupo de artilharia e não ao forte. O forte foi classificado em 1975.