Quinta da Boa Vista, Solar del‐Rei em Paquetá e Casa de Banhos de D. João VI no Caju
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Habitação
Em parte das terras que haviam pertencido aos jesuítas, o comerciante Elias António Lopes constrói, a partir de 1803, sua quinta, na região denominada de São Cristóvão. A residência, em forma de quadrilátero, media 240 palmos de lado e tinha varandas em três deles. Era construída sobre embasamento onde funcionavam os serviços, sendo o acesso à moradia feito através de escada externa. Era, na ocasião, uma das maiores residências da cidade do Rio de Janeiro. Com a chegada da corte em 1808, Elias António Lopes oferece sua casa ao príncipe regente em troca de mercês. D. João muda‐se com os filhos varões para a nova casa, transformada em Paço Real de São Cristóvão, ou Quinta da Boa Vista. Em 1810 são feitas as primeiras obras de decoração interna, a cargo do arquiteto da Casa Real, Manuel da Costa, que já havia trabalhado na decoração dos Palácios da Ajuda, em Lisboa, e de Queluz. Em 1816, o duque de Northumberland presenteia o príncipe regente com uma cópia do portão em cantaria e ferro da Sion House, desenhada por Robert Adam em 1769. Foi montado na Quinta da Boa Vista pelo mestre de obras inglês John Johnston, que, caindo nas graças de D. João, iria projetar as escadas monumentais curvas de acesso ao palácio e um curioso torreão, de gosto gótico, primeira construção deste estilo no Brasil. Em 1822 teve início a construção do segundo tor‐ reão, a cargo de Manoel da Costa, de gosto clássico. Várias outras ampliações se sucederam ao longo do século XIX, uniformizando o palácio no estilo neoclássico. Durante sua permanência no Rio de Janeiro, D. João ocuparia periodicamente outros palácios, mais corretamente "residências solarengas": o Solar del‐Rei em Paquetá, a Casa de Banhos no Caju, a Real Fazenda de Santa Cruz e o Solar em São Domingos, Niterói. O hoje denominado Solar del‐Rei era uma chácara localizada na Ilha de Paquetá, no fundo da Baía de Guanabara, que pertencia a Francisco Gonçalves da Fonseca, oficial de milícias e negociante de escravos. Em fins de 1808, durante uma viagem que o príncipe regente e comitiva faziam na Baía de Guanabara, uma imprevista tempestade obrigou‐os a parar na Ilha de Paquetá. D. João se hospeda na melhor casa da ilha, isto é, a de Francisco Gonçalves da Fonseca. Encantado com o local, passa a usar a casa como residência de verão, retornando várias vezes nos anos seguintes. A casa fica numa ladeira junto ao Morro da Pedreira. É uma construção assobradada de finais do século XVIII e inícios do XIX, bastante robusta, com vãos em arco abatido, tendo na frente um terraço sobre arcadas em alvenaria. A platibanda com estátuas é intervenção posterior. Construída na Praia do Caju no início do século XIX, a chácara dos Tavares Guerra teve sua história associada à presença da corte no Rio de Janeiro. Em 1817, o rei sofre de inflamações na perna em consequência de uma picada de carrapato. Os médicos o aconselham a tomar banho de mar. Vai frequentar a Praia do Caju, por sua proximidade à Quinta da Boa Vista, e passa a se hospedar na casa dos Tavares Guerra, edificação térrea com água‐furtada que mantém ainda características setecentistas, tendo os vãos em arco abatido e alpendre com colunas toscanas por detrás do portão de entrada.