Igreja da Saúde
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Arquitetura religiosa
A Igreja da Saúde era originalmente uma capela privada. Implantada a meia encosta de uma pequena elevação junto ao mar, no trecho entre o Morro de São Bento e a Gamboa que tem a sua história ligada à atividade portuária dos diversos trapiches que pouco a pouco foram ali se instalando. A casa da chácara ficava acima da igreja e logo abaixo, junto ao mar, ficava o trapiche da família. Do conjunto só resta a igreja, mandada construir em 1742 pelo português Manoel da Costa Negreiros, comerciante e traficante de escravos, depois de se casar com uma filha da nobreza das terras cariocas. O trapiche deveria ser um dos mais importantes da cidade, pois está assinalado na planta do Rio de Janeiro publicada em 1812. A igreja tem, como na Igreja da Glória, sua nave e capela‐mor cobertos com painéis de azulejos que narram a história bíblica de José do Egipto. O tema escolhido provavelmente teve relação com a atividade dos proprietários, comerciantes importantes da cidade. Por suas características estilísticas, que os situam no último quartel do século XVIII, devem ter sido encomendados pelo genro do construtor inicial da capela. A talha do altar‐mor e do arco-cruzeiro apresenta grande unidade de estilo, sendo um excelente exemplar do rococó fluminense. O lavabo na sacristia é outro elemento artístico absolutamente notável. Todo executado com um embrechado de conchas, contas, cacos de louça e azulejos, é um exemplar único da arte luso‐brasileira do século XVIII. Neste aspecto, a trajetória do templo como capela pertencente a uma chácara garantiu a manutenção quase inalterada destes elementos artísticos setecentistas, ao contrário de boa parte das igrejas do centro do Rio, que vieram a sofrer novas intervenções artísticas durante o século XIX.