Igreja de São Lourenço dos Índios
Niterói, Rio de Janeiro, Brasil
Arquitetura religiosa
A igreja foi edificada no alto de um morro, nas terras recebidas em sesmaria por Martim Afonso de Souza, nome de batismo do cacique temiminó Araribóia. São Lourenço dos Índios tornou‐se uma aldeia de visitação dos jesuítas, ligada ao Colégio do Rio de Janeiro. A primitiva capela teria ficado pronta em 1586, quando ali foi encenado o Auto de São Lourenço. Por se tratar de edificação em taipa, foi substituída por outra maior, em pedra e cal, por volta de 1627. Com a expulsão dos jesuítas, a igreja será objeto de nova reconstrução em 1769, conforme data assinalada na fachada, mas que manterá a composição anterior. A fachada tem portada central com verga reta e três janelas retangulares na altura do coro, todas com cercadura em cantaria. No lado esquerdo da fachada, sineira com dois vãos em arco pleno. Coroando o corpo da nave, um frontão triangular correspondente ao telhado e fortemente marcado por friso a toda volta. O interior é também singelo, com nave única de telha‐vã, capela‐mor e sacristia lateral. Destaque absoluto para o altar‐mor, de composição maneirista, característico da primeira fase dos retábulos no Brasil. É obra da oficina do Colégio do Rio de Janeiro, composto por colunas duplas de capitel coríntio e tendo na base cabeças de anjo, folhas e frutos. Sobre o entablamento temos no centro uma pintura representando Nossa Senhora da Assunção, enquadrada por uma espécie de volutas com tratamento muito caprichoso, numa visível transição para um gosto barroco. No nicho central temos imagem seiscentista de São Lourenço, de origem portuguesa. Toda a talha é recoberta de dourado e verde. O retábulo está assentado sobre duas peanhas setecentistas em forma de voluta. O lavabo na sacristia é em pedra de lioz. Na nave temos também um bonito confessionário no estilo D. Maria I. As prospecções arqueológicas feitas durante a restauração de 1999‐2001 identificaram a sineira e o corpo da sacristia que avança pela lateral da nave como intervenções relativas à reconstrução de 1769. Seriam desse período também as pinturas do arco‐cruzeiro e do fundo da capela‐mor, e as bases do retábulo.