Igreja de Nossa Senhora do Rosário e Residência dos Jesuítas

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e Residência dos Jesuítas

Embu, São Paulo, Brasil

Arquitetura religiosa

Os padres jesuítas fundaram várias aldeias em torno da cidade de São Paulo. Dispostas num círculo com 50 quilómetros de raio a partir do centro de São Paulo, formavam, nos séculos XVII e XVIII, um amplo rosário. Embu, ou M’boy, como geralmente aparecia nos documentos dos jesuítas, foi uma aldeia edificada em terras da Companhia de Jesus, doadas por Fernão Dias Pais e sua esposa Catarina Camacho. Provavelmente em fins do século XVIII, o padre Belchior Pontes, temendo pela segurança dos índios, transferiu‐a para o sítio atual, próximo do primitivo, onde edificou uma nova capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Esta igreja é o mais importante e rico monumento paulista do século XVII. Externamente, ladeia a residência dos padres, construída alguns anos depois, já na primeira metade do século XVIII, formando uma quadra em torno de um pátio central, de feição excepcionalmente severa, seguindo o partido arquitetónico tão bem caracterizado por Lúcio Costa. Consta ter sido o padre Domingos Machado, com a ajuda dos índios, em 1740, o responsável pela construção. O conjunto formado pela igreja e residência anexa, separadas pela torre sineira, é destituído, em sua parte externa, de ornamentos, o que torna o seu aspecto bastante singelo. A técnica construtiva utilizada é a taipa de pilão. Internamente, o templo apresenta nave única e capela‐mor. Os dois altares que ladeiam o arco‐cruzeiro, segundo Percival Tirapeli, seriam da igreja do primeiro aldeamento, talvez anteriores a 1640, ainda relacionados ao período da União das Coroas Ibéricas (1580‐1640), já que neles aparece a águia de duas cabeças, emblema da Casa dos Habsburgo. A capela‐mor é revestida de talha dourada, de época posterior (1733); as pinturas do teto, do género grotesco (ou brutesco), em apainelados, são semelhantes às do teto da sacristia. Na parede esquerda da nave existe um dos mais notáveis púlpitos jesuíticos, apesar de sua extrema simplicidade. O retábulo‐mor da Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Embu é uma obra que tem suscitado várias interpretações, dada a sua singularidade. Apesar de executado por volta de 1735, a composição do retábulo‐mor acusa a utilização de certos padrões morfológicos recessivos, o que revela, tanto no Brasil como em Portugal, a sobrevivência e a continuidade de esquemas composicionais predominantes até meados do século XVII. Segundo Ciro Grangeiro, apresenta características atípicas em relação a padrões compositivos e ornamentais luso‐brasileiros da época. Possui um rico acervo de imagens sacras. Entre outras peças, destacam‐se os quatro leões funerários em madeira, de nítida feição oriental. O conjunto foi classificado pelo IPHAN em 20 de outubro de 1938, e ex‐officio pelo CONDEPHAAT em 16 de janeiro de 1974.

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