Igreja de Santo António da Barra
Salvador, Bahia, Brasil
Arquitetura religiosa
Situada sobre uma colina à beira‐mar, a Igreja de Santo António da Barra é uma das três dedicadas ao santo português existentes na cidade do Salvador. A belíssima implantação da igreja do século XVII, com seus telhados superpostos e o pequeno Fortim de São Diogo, é descrita por Lacerda, relatando que quem se debruçar um pouco da balaustrada, afastando a vegetação para obter melhor visual, descortinará no extremo oposto da cidade a ponta de Humaitá e o conjunto de Monte Serrat. A igreja é assim não apenas edificação a ser vista. Ela é também mirante de onde se descortina a paisagem. Sua história é pouco conhecida. Um documento de 1629 diz que Maria Carvalho obteve chãos junto à Ermida de Santo António, em Vila Velha, e Gabriel Soares, ao descrever a barra da Bahia, diz que alguns a chamam de Barra de Santo António, por estar junto dela num alto uma ermida. O aspecto atual é o de meados do século XVII. À esquerda da nave, um pseudo‐corredor lateral superposto por tribunas mostra, segundo Azevedo, a evolução das igrejas baianas em direção ao partido de corredores laterais, típico das igrejas matrizes e de irmandades, que se definiria no início do século XVIII. A construção é baixa e compacta, com poucas aberturas de dimensão reduzida. Sob os vãos emoldurados em cantaria, largas pedras de avental. As torres são piramidais recobertas por azulejo, com cantos marcados por pináculos e apresentando, além das envazaduras em arco, um nível inferior de pequenas janelas quadradas. Esses elementos levam Ott a garantir que a fachada é renascentista pura, e suas formas remontam à Igreja do Monte Sinai, em Lisboa. Na decoração interna trabalharam artífices conhecidos, como António Joaquim Franco Velasco, discípulo de José Joaquim da Rocha, um dos pintores maiores do século XVIII.