Igreja e Mosteiro de São Bento
Salvador, Bahia, Brasil
Arquitetura religiosa
Situados no alto da ladeira de mesmo nome, igreja e mosteiro foram construídos fora dos muros da primitiva Salvador, em colina "a cavaleiro" de uma das portas da cidade, de onde se descortinava também uma ampla vista para a Baía de Todos os Santos. Até ao princípio do século XIX o mosteiro ainda estava inserido em uma grande área murada (cerca conventual), que abrigava horta, pomar e diversas edificações, tais como oficinas, enfermarias e senzalas. Devido ao crescimento da cidade, estas áreas foram sendo paulatinamente desmembradas e ocupadas com ruas e edificações. O mosteiro, primeira fundação da Ordem de São Bento nas Américas (1581), foi edificado ao longo de quatro séculos. A edificação conventual, que ainda permanece inconclusa, desenvolvia‐se originalmente em torno de dois claustros, um para oração e meditação, e outro de serviço, sendo que o primeiro foi demolido na segunda metade do século XIX. Identificam‐se arquitetonicamente duas fases construtivas na área conventual: a mais antiga, construída a partir de 1652, conhecida pelo nome "mosteirinho", possui apenas dois pavimentos; já a do início do século XVIII desenvolve‐se com quatro pavimentos, e tanto em planta como em elevação possui uma escala monumental. A igreja atual foi iniciada em 1652 e sua construção começou a partir do frontispício, algo que não era muito comum. O templo possui nave única com quatro capelas laterais intercomunicantes, tribunas sobrepostas, cruzeiro limitado à profundidade das capelas, capela‐mor profunda de cabeceira reta, e um pórtico/galilé. As intervenções, realizadas principalmente no século XIX, visando a conclusão da igreja, muito pouco alteraram a concepção original. O interior da nave cruciforme está coberto por uma abóbada de berço interceptada por uma cúpula no transepto. Os antigos retábulos existentes nas capelas laterais, removidos quando das reformas realizadas no interior da igreja a partir de meados do século XIX, foram substituídos por novos em estilo neoclássico, refletindo provavelmente uma intenção de modernizar o interior do templo segundo o gosto da época. A composição do frontispício da igreja é marcada pela presença de uma modenatura extremamente severa: o alçado está delimitado por pilastras da ordem toscana formando cinco planos verticais; nos dois extremos situam‐se as torres, que estão recuadas em relação aos três tramos centrais, que por sua vez avançam definindo a área do pórtico/galilé. Os planos horizontais, em número de três, com dimensões diferentes, estão delimitados por largas cimalhas. Arrematando o vão central, encontra‐se um frontão composto de curvas e contracurvas, com acentuados elementos do rococó executados nos anos oitenta do século XVIII. Destaca‐se na edificação o elemento arquitetónico que forma a parede do fundo do pórtico/galilé, e que dá acesso à nave da igreja através de três portas compostas por um arco triunfal que, seguramente, é o mais importante elemento clássico da arquitetura brasileira do século XVII. As três portas de acesso ao templo estão inseridas sob um entablamento que ressalta em grande saliência às colunas sobrepostas, sendo estas de ordem dórica‐romana, com caneluras dentadas no terço inferior; as pilastras, com a mesma composição formal, lhes correspondem na parede.