Cáceres, Vila Maria do Paraguai

Lat: -16.074490977925000, Long: -57.659839038293000

Cáceres, Vila Maria do Paraguai

Mato Grosso, Brasil

Enquadramento Histórico e Urbanismo

A fundação da Vila Maria do Paraguai foi uma ação política deliberada de Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, então governador da capitania do Mato Grosso. A vila foi criada em 6 de outubro de 1778, apenas 15 dias depois da criação da vila de Albuquerque (Coimbra), também no Rio Paraguai. A intenção do governador era reafirmar, com ambas as vilas, a posse portuguesa do Rio Paraguai. Vila Maria foi estabelecida em local sobranceiro ao rio, na sua margem direita, distante poucas léguas da confluência do Paraguai com o Rio Jauru, onde estava situado o marco de mármore ali deixado pela comissão demarcadora de limites no ano de 1754. A despeito da anulação do Tratado de Madrid (1750), pelo Tratado do Pardo (1761), o marco do Jauru representava um ponto aparentemente pacífico da marcação da fronteira. No entanto, foram os próprios portugueses que, pelo menos desde 1770, pretendiam que a fronteira fosse deslocada ainda mais para oeste. Em 1775, na mesma altura em que fundou a Fortaleza de Coimbra (Coimbra), Luís de Albuquerque fez instalar uma guarda no Rio Jauru, acautelando alguma eventual reação espanhola. Com a assinatura do Tratado de Santo Ildefonso (1777), que repunha a fronteira naquela área, a existência do marco tornava‐se ainda mais problemática. Assim, em 1778, antes de começarem as demarcações determinadas pelo novo tratado, o governador criou as duas povoações. Com isso procurava desvalorizar o local em si do marco, avançando a soberania mais para sul, ao mesmo tempo que as povoações garantiam, respectivamente, a retaguarda tanto do forte quanto do marco. No caso de Vila Maria, a sua fundação era também um reforço da defesa da capital, Vila Bela, e de Cuiabá, pois a sua localização na estrada entre os dois principais núcleos urbanos da capitania salvaguardava ambos. A conjuntura das demarcações é crucial para a instalação do povoado. Os seus povoadores iniciais foram índios que tinham sido "aliciados", no outro lado da fronteira, nas campinas próximas das missões de Chiquitos. A instalação da vila esteve a cargo do mesmo oficial que tinha "catequizado" os índios, o tenente António Pinto do Rego e Carvalho, que desenhou literalmente no solo uma grande praça retangular, em forma de duplo quadrado (360x720 palmos) com um dos lados aberto ao rio. O auto de fundação da vila descreve a metodologia utilizada, com "marcos sólidos de pau de lei" marcado as áreas de construção "no novo arruamento que ficava prescrito". Determinava ainda a altura do pé‐direito das casas (14 palmos de frente e 24 palmos de cumeeira), para que estas mantivessem sempre o mesmo alinhamento. Uma toponímia de homenagens ao governador e a si próprio (Rua de Albuquerque, Rua do Mello, Travessa do Pinto, Travessa do Rego) foi incluída no auto de fundação, mas não deve ter tido grande aceitação, embora o tenente tenha permanecido dirigindo as obras até 1795. Para consolidar a criação do povoado, o governador tomou a iniciativa de estabelecer ali, em 1779, e sem esperar pela aprovação do bispado, a freguesia e São Luís de Cáceres. Na verdade, a povoação permaneceu como freguesia até 1850, quando foi instalada a câmara, e oficialmente elevada a vila, com o nome de São Luís do Paraguai. Em 1851, voltou a ser Vila Maria do Paraguai. Em 1874 recebeu o título de cidade, tomando desta feita o nome de São Luís de Cáceres. Em 1938, o município passou a designar‐se simplesmente Cáceres. A grande praça retangular que se abre diante do Rio Paraguai é o núcleo inicial de construção da cidade. Os edifícios que a cercam não são certamente os primitivos; serão na sua maioria dos séculos XIX e XX, mas mantêm de certo modo a volumetria do enquadramento. A igreja primitiva foi substituída por uma construção em estilo neogótico. Em 1883, o marco que estava nas proximidades do Rio Jauru foi transferido para o centro da praça.

Equipamentos e infraestruturas

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