Thoothukudi [Tuticurim]

Lat: 8.799527777777800, Long: 78.156522222222000

Thoothukudi [Tuticurim]

Tamil Nadu, Índia

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Situada na Costa da Pescaria frente ao Golfo de Manae, Tuticurim ocupou uma posição marginal nas estratégias urbanas do Estado da Índia. O seu desenvolvimento está intimamente ligado com a pesca de pérolas que, a cargo da comunidade de pescadores paravas, tinha aqui o seu local de armazenamento e exportação. Distribuídos numa série de aldeias localizadas nas margens desta Costa da Pescaria, os paravas converteram‐se ao cristianismo durante o reinado de D. João III a partir de um acordo do seu chefe supremo, tendo os jesuítas assumido a administração religiosa da comunidade.
Até ao ano de 1560, o centro de atividades do comércio de pérolas concentrava‐se em Punaikayal (Punicale), onde os jesuítas construíram uma residência e um hospital. Após o ataque à comunidade, levado a cabo pelas tropas do naique de Madurai em 1560, a povoação perdeu importância e Tuticurim assumiu‐se, pelas condições do seu porto, como centro urbano da comunidade cristã de toda a região.
Foi aqui que os jesuítas passaram a centrar a sua atividade e se instalaram, com residência e escola para os padres aprenderam tamil. No final do século XVI a igreja jesuíta de Nossa Senhora das Neves recebeu finalmente cobertura de telha e em 1598 terminaram as obras de duas capelas construídas de pedra e cal com cobertura abobadada.
Em 1658 os holandeses ocupam Tuticurim sem resistência da gente, que no entanto incendiou os barcos que se encontravam no porto. Os holandeses iniciaram junto da população uma tentativa de recuperação da pesca e do comércio das pérolas, mas sem grande sucesso, dada a forte oposição dos paravas ao luteranismo e à sua proibição do culto dos santos. Tuticurim voltou a adquirir uma certa importância com a administração inglesa, embora como cidade de província, o que assegura a vivência urbana.
Pela sua independência em relação à casa real, Tuticurim não fez parte do conjunto de levantamentos das cidades e fortalezas portuguesas do Oriente. Porém, Philippus Baldeus integrou no seu livro uma interessante vista de Tuticurim, onde a cidade surge com um traçado ortogonal de grande regularidade. Com uma larga frente urbana sobre o porto e mar, estendem‐se paralelamente duas outras ruas cortadas por travessas. Duas igrejas, marcadas com cruzeiros tradicionais, organizam à sua frente duas praças de igual regularidade. O traçado representado por Baldeus é claramente reconhecível no núcleo antigo da cidade atual. Junto ao porto o tecido urbano mantém a mesma estrutura, com duas ruas principais que se desenvolvem paralelamente ao mar. Nas suas métricas, estas ruas apresentam medidas da ordem dos quarenta palmos. Numa relação de proporcionalidade, as travessas, perpendiculares ao mar, apresentam métricas muito aproximadas dos trinta palmos, formando todo o conjunto largos quarteirões retangulares cujo interior é ocupado por casas com acesso em beco.
A Igreja de Nossa Senhora das Neves, pelo seu cres‐ cimento e transformação em grande basílica, ocupa hoje todo o antigo terreiro. Igualmente transformada, a Igreja de Santo António ocupa, como na planta de Baldeus, uma situação recuada em relação ao porto, com um quarteirão de permeio.
Datáveis da década de 1570, as lógicas urbanas implementadas em Tuticurim parecem integrar‐se numa fase madura das experiências urbanísticas portuguesas no Oriente, como é o caso de Jaffna que, sendo na mesma região, poderá ter influenciado o traçado de Tuticurim.
Facto particularmente interessante: a lógica inicial do traçado urbano de ruas, correndo paralelas ao mar, com travessas perpendiculares, manteve-se no desenvolvimento posterior da cidade. Pela sua situação de zona portuária, o edificado antigo foi profundamente transformado, não se observando atualmente características identificáveis com uma tradição portuguesa, como ainda hoje encontramos em Negapatão.

Arquitetura religiosa

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