Vasco da Gama

Lat: 15.398133333333000, Long: 73.811155555556000

Vasco da Gama

Goa, Índia

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Fortificada em 1624, a península de Mormugão, localizada na foz do Rio Zuari, foi vista desde cedo como um local com condições naturais excecionais. Foi por essas qualidades que rivalizou durante quase três séculos com a Ilha de Goa como localização da capital. As tentativas de mudança da administração pública foram‐se suce‐ dendo entre 1687 e 1734, e diversas obras chegaram mesmo a ser feitas. O Palácio do Governo, a Alfândega e o Hospital foram alguns dos edifícios construídos de um modo disperso junto à linha de muralha. No entanto, a maior parte destas construções encontrava‐se em avançado estado de degradação, quando no século XIX se fez uma nova tentativa de edificar aqui uma cidade. Com o início das obras de construção do caminho‐de‐ferro, em 1881, a companhia inglesa responsável considerou de importância vital a construção de uma cidade nesta zona. Foram muitos os avanços e recuos entre portugueses e ingleses. Em 1885, a companhia inglesa apresentou uma proposta de assumir os custos de construção de uma cidade, embora não excluísse a hipótese de o fazer sob um plano português. Essa proposta desenvolvia na parte baixa da baía a cidade industrial e comercial, e nas colinas ao seu redor, as construções urbanas. Os outeiros de Mormugão e dos Alparqueiros, localizados respectivamente a poente e a nascente da baía, para além da parte residencial, teriam diversos equipamentos ligados à saúde e ao lazer. A proposta, recusada pelo governo português por motivos patrióticos, era semelhante à que fora feita para Lourenço Marques. No entanto, Portugal comprometia‐se a avançar com as obras. No ano em que se realizou a Conferência de Berlim, onde a importância da ocupação histórica dos territórios foi substituída pela sua ocupação efetiva, a decisão portuguesa não podia ser outra. Assim, em 1886, o governo português iniciou a expropriação de terrenos, construiu uma avenida com quinhentos metros de comprimento e designou o projeto pelo nome de "futura cidade de Vasco da Gama". Mas, as hesitações do governo português continuaram. As opiniões encontravam‐se divididas relativamente à mudança da capital, e a cidade não se desenvolveu como era esperado. Datam de 1888 os desenhos que se conhecem da cidade, elaborados pela Direção das Obras Públicas. Este plano desenvolvia‐se na zona da baía em quarteirões definidos por ruas paralelas e perpendiculares à linha‐férrea e ao porto. Da estação partia a avenida principal, a única construída até então. Para além da planta definiram‐se perfis transversais de diversos tipos de ruas. Estes desenhos provavelmente seguiam a proposta inglesa, feita pelo engenheiro Ernest Edward Sawyer com a colaboração do engenheiro Cândido Xavier Cordeiro, que representava cada uma das partes no terreno. A zona da baía seria a parte comercial da cidade, ficando no planalto a parte residencial e representativa. Contudo não se chegaram a tomar medidas concretas, e foi só perante a pressão dos ingleses que o processo avançou. Nos anos seguintes fizeram‐se expropriações e deram‐se facilidades a todos os que quisessem construir. Porém, nenhuma das medidas tomadas nesta época e nas duas décadas que se seguiram tiveram qualquer efeito no desenvolvimento da cidade. Em setembro de 1917, a designação oficial da cidade passou definitivamente a Vasco da Gama. Anunciavam‐se tempos de mudança, que se seguiram à criação da Comissão de Melhoramentos de Mormugão, em novembro de 1919. Criada através do empenho direto de Luís Maravilhas, que ocupou diversos cargos na administração pública de Goa entre 1915 e 1921, a comissão seguia o modelo inglês dos Improvement Trusts e deveria desaparecer quando a cidade estivesse criada, passando as suas responsabilidades para a Câmara Municipal. Não se defendia a transferência imediata da capital para Mormugão, pois entendia‐se que isso traria graves prejuízos a Pangim. A proposta assentava na estratégia inglesa, abrangendo também diversas zonas que juntas compunham a cidade: Planalto de Mormugão, Vasco da Gama (zona da baía), Outeiro dos Alparqueiros e ainda Driver’s Hill (zona a sul da linha de caminho‐de‐ferro). Apesar de o desenho da cidade ter sido mantido na generalidade, supõe‐se que algumas alte‐ rações tenham sido introduzidas nesta época, nomeadamente a subdivisão dos lotes mais próximos da estação de caminho‐de‐ferro. No ano seguinte, 1920, a aprovação do Fundo de Fomento para o território mostrou que Mormugão e Vasco da Gama não faziam parte das suas prioridades. Mas, mesmo sem dinheiro, as obras avançaram: aterraram‐se pântanos, abriram‐se e pavimentaram‐se ruas. Em março de 1922, a Comissão de Melhoramentos organizou uma festa de inauguração da cidade, em que o governador, o engenheiro Maravilhas e seus convidados percorreram as ruas da cidade. A maioria dos arruamentos hoje existentes estava já aberta ou iniciada, mas as obras prolongaram‐se durante toda a década de 1920. Em setembro desse mesmo ano (1922) foi desenhado um plano de expansão que previa a urbanização de todo o planalto de Mormugão, que não se chegou a concretizar, tendo sido aprovado um regime especial de concessão de terrenos na cidade e nos seus subúrbios. Nos anos seguintes (1926‐1940), procedeu‐se à construção da maioria dos edifícios públicos da cidade, todos implantados na avenida que liga a estação à baía, a antiga Avenida Freitas Ribeiro, ou na antiga Avenida General Craveiro Lopes, avenida paralela ao caminho‐de‐ferro. É ao longo desta última que podemos encontrar a Escola Primária (1927), os jardins municipal e infantil (inaugurados em 1939), o Mercado ou as construções privadas mais interessantes da cidade, na sua maioria construídas nas décadas de 1920 e 1930. Como nas outras cidades, o último período de governação portuguesa ficou marcado pela preocupação com as infraestruturas e com o desenho do plano diretor da cidade, em 1959, no qual se considerava que Vasco da Gama ainda estava numa fase embrionária.

Equipamentos e infraestruturas

Arquitetura religiosa

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