Mombasa [Mombaça]

Lat: -4.062633333333300, Long: 39.679580555556000

Mombasa [Mombaça]

África Oriental com a Etiópia, Quénia

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Embora fossem os mares da Ásia a região nevrálgica dos interesses portugueses no Oriente, foi ainda em África que se assistiu, embora de forma tardia, à implantação de uma poderosa máquina de guerra na transição dos séculos XVI-XVII. A Fortaleza de Jesus, em Mombaça (Quénia), foi erigida nos finais do século XVI, fazendo parte do dispositivo estratégico da retaguarda africana (com a escolha inicial da Ilha de Moçambique como primeira capital do Estado da Índia), que continuava a ser importante para o controlo do comércio que se estendia desde a Insulíndia e o Estreito de Malaca, passando por Bengala e por Cambaia, e vitalmente interessado nas trocas com o Mediterrâneo por via do Golfo Pérsico e do Mar Vermelho. "O estabelecimento do poder português ao longo da costa suaili foi muito facilitado pela tensão existente entre os vários estados citadinos e, particularmente, pela profunda hostilidade entre Melinde e Mombaça" (Boxer, 1960, p. 18). Segundo informa o mesmo autor, "os Portugueses nunca foram muito numerosos em toda a costa. O bairro que habitavam em Mombaça e que ocupava o local onde é hoje a velha cidade árabe, mesmo ao lado da Fortaleza de Jesus, era descrito em 1606 como sendo constituído por uma única rua, com umas setenta casas. Era conhecido pela ‘Raposeira’. A guarnição normal era apenas de cem homens e pelo menos uma quarta parte destes estava usualmente destacada para outros locais em serviço de vigilância da costa. Em 1666 Fr. Gaspar encontrou em Pate uma comunidade de dezoito comerciantes portugueses, mas estes eram de Diu e não passavam, portanto, de comerciantes que iam e vinham com a monção na época de negociar. Há ainda hoje uma tradição de que a suposta e excepcional beleza das mulheres de Sio é devida à sua ascendência portuguesa" (Boxer, 1960, p. 30). Havia em Mombaça um pequeno convento de frades agostinhos, fundado em 1597 por empenho do vice-rei D. Francisco da Gama, que invernara na cidade aquando da sua viagem para a Índia (Couto, Década XII, Livro I, cap. II; M. Brit., Ms. Add. 18432, fls. 1-16). Foi a partir dessa casa que irradiou alguma da pouca atividade missionária praticada por toda a costa oriental africana.
Provavelmente o vice-rei escolheu esta ordem pelo facto de os seus membros aceitarem missões difíceis, como eram invariavelmente as estabelecidas em áreas de influência muçulmana, entre as quais aquelas que já então dirigiam em Mascate e Ormuz (Boxer, 1960, p. 29). A fortificação foi disputada por várias potências entre 1631 e 1875 (árabes e ingleses). Os portugueses perderam-na definitivamente em 1699. Funcionou como prisão no Quénia britânico, até ser declarada monumento histórico em 1958. Entre 1958 e 1971, James Kirkman procedeu a escavações arqueológicas, com a correspondente investigação histórica.

Arquitetura militar

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