Guzara

Lat: 12.177278007617000, Long: 37.724660974349000

Guzara

África Oriental com a Etiópia, Etiópia

Enquadramento Histórico e Urbanismo

O Paço-Castelo de Guzara pode considerar-se um protótipo do chamado "Estilo Luso-Etíope". Guzara (reinado de Sarsa Dengel, c. 1560-1570) fica a meio caminho entre Gondar e o Lago Tana e constitui, provavelmente, a primeira cidadela imperial, em pedra e cal, erigida graças ao relacionamento com os portugueses.
Pertence a um primeiro grupo de realizações independentes da influência jesuítica, a qual, a partir de uma certa altura, passou a ser dominante. Apresenta motivos de grande significado para uma teoria arquitetónica luso-etíope, questionando-se os seus fundamentos num contexto recuado mas que, por vicissitudes de vária ordem, só tardiamente foi implementada.
O perfil do castelo-palácio faz lembrar Evoramonte, na planície alentejana, no todo remetendo para a linguagem (praticamente coeva) da arquitetura de transição portuguesa. Não obstante, nesta, como noutras áreas da pretendida "geminação" luso-etíope, a realidade não se adequava exatamente com a projeção ideológica, gerando equívocos singulares, como o da preparação de miríficas imagens medievalizantes de castelos-residência para uma corte tradicionalmente nómada e desconhecedora da arte da guerra europeia.
Importa observar um pormenor da belíssima carta de Diogo Homem de 1558, no qual está representado o imperador da Índia maior ethiopi, sentado sobre um trono fabuloso (parecem ressoar ecos das representações de Salomão, de cuja genealogia o "Prestes" é seguidor), tendo à sua frente um acampamento real e mostrando atrás um castelo-palácio que lembra um tipo de arquitetura eivada de traços caracteristicamente portugueses, e que se assemelham também a Guzara.
Na datação do palácio de Guzara pode admitir-se alguma controvérsia, mas não para a situar antes da década de 60 do século XVI. Se assim é, a figuração na carta de Diogo Homem apresenta obra em projeto, visto o trabalho do cartógrafo lhe ser anterior: o desenho inscrito no Reino dos Abexins indicia um conhecimento intrigante acerca do que se viria a passar construtivamente nas Altas Terras de África. A precocidade das construções em apreço, todavia, não é uma questão pacífica; alguns autores atribuem a edificação do Paço-Castelo de Guzara ao período de 1597-1632.

Equipamentos e infraestruturas

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