Tete

Lat: -16.157509005758000, Long: 33.587015001964000

Tete

Tete, Moçambique

Enquadramento Histórico e Urbanismo

A cidade de Tete, situada na província com o mesmo nome, é um dos núcleos urbanos mais antigos de Moçambique. Localizada na margem direita do Rio Zambeze, num planalto de cerca de quinhentos metros de altura que descai até às suas margens, diz a lenda que o lugar foi anteriormente ocupado por um extenso canavial (mitete, em língua nhungue), daí derivando o seu nome. O primeiro casario português terá aparecido por volta do segundo quartel do século XVI, sobre um entreposto comercial suaíli que abastecia as caravanas que circulavam entre a costa meridional moçambicana e esta região. A concessão do lugar, e de uma vasta área circundante, fora feita pelo Monomotapa, senhor daquelas terras. Frei João dos Santos visitou a povoação em finais do XVI, anotando nos seus registos ter encontrando uma igreja, um forte de pedra e cal com sete ou oito peças de artilharia (São Tiago Maior, dos séculos XVI-XVII), e uma população de "mais de seiscentos cristãos, dos quais seriam quarenta portugueses, e os outros índios, e cafres". O núcleo cresceu lentamente - como de resto acontecia com a frágil presença portuguesa nesse interior profundo - apoiado na mineração do ouro e no eixo do Rio Zambeze, à época principal via de comunicação. Frei João dos Santos afirmava ainda que "os moradores [de Tete] vêm a esta feitoria de Sena empregar o seu ouro nas mercadorias que nela estão". Mais tarde, a atividade comercial mudaria para o marfim e, depois, para os escravos, com base num circuito que ligava a costa e o Mwata Cazembe, no Congo, do qual este lugar fazia parte. Por carta régia de 9 de maio de 1761 Tete foi elevada a vila (com uma guarnição de cem soldados), sucedendo a Sena como capital da Zambézia. Um século depois concluía-se a sua nova fortaleza, obra do capitão-general Caetano de Melo e Castro, com o nome de Forte de D. Luís. O lugar também era designado como Forte de São Pedro de Alcântara ou do Carrazedo, devido à fortificação que aí se construiu ao longo da primeira metade do século XIX. Conhece-se uma pintura a óleo de Thomas Baines, de abril de 1859, que representa as construções dos séculos anteriores e as margens do Zambeze, sendo aí bem visível o Forte de São Tiago Maior. Em finais do século XIX a soberania portuguesa da vila era ainda instável, ameaçada pelos prazeiros afro-goeses semi-independentes que se dedicavam ao comércio com o interior. Aliás, o perfil de Tete como estabelecimento de fronteira persistiria até à independência, e em certa medida mantém-se ainda hoje. Em 1917, a revolta do Báruè alastrava até às suas portas, tornando iminente uma ocupação que foi evitada por pouco. Quarenta e poucos anos depois, em plena guerra colonial, a cidade era sede do comando militar português para esta zona, e chegou a sentir o troar das armas na margem oposta, mesmo em frente, com o ataque ao Aeroporto de Chingozi, em 1972. Crescendo escassamente ao longo do século XX, pelas dificuldades de localização e o isolamento, Tete tinha ainda assim cerca de 38.000 habitantes em 1951. Mas os direitos de cidade, atribuídos desde 1932, só foram oficialmente confirmados em 21 de março de 1958, pela portaria 13.043 (Boletim Oficial 12/59). A evolução do traçado urbano de Tete pode ser reconstituída graças aos seguintes elementos: a Planta Cadastral da Villa de Tete, de 1912, à escala de 1/10.000, minuciosamente legendada, com uma retícula, regular e elementar, à beira-rio; a Planta de Zonas Projectadas; fotografias da praça e desenhos da sua fortificação publicados na Monumenta (n.o 6, a seguir à p. 73); o Plano de Urbanização de 1950, possivelmente o Anteplano de Urbanização de Tete; e o Plano de Urbanização de 1973, pela Hidrotécnica Portuguesa. Ao longo do século XX, a prosperidade de Tete dependeu essencialmente da indústria de mineração de carvão em Moatize, assim como da produção de energia hidroelétrica da barragem de Cahora-Bassa. Hoje, é ainda com o revigoramento destes dois empreendimentos que a cidade conta para construir o seu futuro. Com uma população de pouco mais de cem mil almas, segundo o censo de 1997, a cidade de Tete tem um património edificado relativamente modesto, composto por meia dúzia de velhos casarões coloniais degradados junto ao rio, e alguns prédios característicos da centelha de prosperidade que caracterizou os últimos anos do período colonial, numa tentativa de resposta à situação de guerra. Os seus objetos mais emblemáticos são a Missão de Boroma e a ponte sobre o Rio Zambeze.

Arquitetura militar

Equipamentos e infraestruturas

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