Muxima

Lat: -9.522869014794600, Long: 13.959872255362000

Muxima

Kwanza Sul, Angola

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Em 1581, a resistência local impediu a ocupação do território por Paulo Dias de Novais. Só em 1589 os portugueses conseguiram instalar um posto militar. Dez anos depois, Baltazar Rebelo de Aragão criou um presídio (1599). Sendo o Kwanza uma artéria vital para a implantação do domínio colonial ao longo dos séculos, a Muxima foi, com outras povoações do Kwanza, um dos pontos de vigilância sobre as populações ribeirinhas e um núcleo fortificado donde partiram várias incursões militares contra os sobados da Kissama. Em 1646, a povoação foi assediada pelos flamengos, saqueada e incendiada. Em 1655 foi construída junto ao rio a fortaleza que ali se encontra no cimo de um morro, voltada a poente. Quanto à vila, em 1847 apresentava‐se com "250 a 300 casas de pau a pique, cobertas de palha das quais umas 25 formavam uma pequena rua cortada no seu comprimento pela corrente que no tempo das chuvas corria dos montes para o rio" (Fonseca, 1858). Embora o Kwanza constituísse uma fronteira entre os territórios da "conquista" e a Kissama, a permuta de géneros com a margem norte foi uma constante, apenas interrompida pelo estado de guerra. Nesse contexto, a Muxima foi, até ao final do século XIX, uma porta para as transações comerciais de cera, marfim, resina/goma copal, géneros alimentícios, em particular fuba de mandioca e óleo de palma, escravos e sal das minas de Ndemba, permutado em exclusivo pelos povos da Kissama. A atestar o movimento do porto fluvial, existe ainda hoje uma escadaria de pedra em ruínas, por onde transitavam géneros destinados a Luanda. A vila foi sede de concelho a partir de 1868, mas a sua real integração na colónia só ocorreu no início do século XX. Por volta da década de 1930, a plantação de extensíssimos palmares ao longo da margem sul do Kwanza captou mão‐de‐obra de outros concelhos e o comércio reanimou um pouco a vila, embora mantendo o seu carácter semi‐rural. Contudo o principal monumento é sem dúvida a igreja, construída no século XVII, que alberga uma imagem de Nossa Senhora da Conceição com mais de trezentos anos e congrega muitos devotos ao longo do ano, vindos de toda a Angola. Os peregrinos ficam albergados em duas casas da paróquia, que realiza anualmente uma festa de alto significado para a população local. A paróquia dispunha de bens próprios (palmares) para ocorrer aos gastos e ainda no século XX eram oferecidos serviçais que ficavam adstritos à igreja. Anos atrás existia uma carreira semanal entre Luanda e Muxima para transporte dos peregrinos, além do comboio até ao Dondo e da habitual jangada, que fazia a travessia do rio entre Dondo e Muxima. O conjunto da povoação foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1956.

Arquitetura militar

Arquitetura religiosa

Equipamentos e infraestruturas

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