Mbanza Kongo [São Salvador do Congo]

Lat: -6.265088998714400, Long: 14.232792008909000

Mbanza Kongo [São Salvador do Congo]

Zaire, Angola

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Mbanza Kongo situa‐se no topo de um planalto de encostas escarpadas, com cerca de cinco quilómetros quadrados, a cerca de quinhentos e vinte metros de altura e sessenta a oitenta metros acima da planície envolvente. Possui uma vista abrangente a partir de todos os pontos e é facilmente acessível mediante uma estrada que sobe a partir do lado sudeste. Ao longo desta estrada, existiam várias nascentes que no passado forneciam água à cidade. No vale ao nível inferior encontram‐se pinturas rupestres de um período indeterminado. A construção da cidade de Mbanza Kongo (Cidade do Congo em kikongo, cuja ortografia oficial é M’banza‐Kongo) iniciou‐se provavelmente no século XIV, embora possam existir no local vestígios mais antigos que ainda não tenham sido alvo de adequada exploração arqueológica. A cidade já era a capital do Congo quando os portugueses chegaram à África Central em 1483 e, na altura, o seu núcleo principal era descrito como tendo as mesmas dimensões de Évora. De qualquer forma, tratava‐se da maior cidade da África Central e encontrava‐se entre as maiores do continente. Atualmente, é a cidade habitada mais antiga a sul do Equador.
Os portugueses que iam viver e trabalhar no reino do Congo habitavam normalmente no seu próprio bairro em Mbanza Kongo, e trabalhavam na administração ou no exército reais do Congo. Outros eram mercadores ou prestavam funções em cargos eclesiásticos. No entanto, o Congo continuava a ser um reino independente, rechaçando as invasões portuguesas desencadeadas a partir de Angola em 1622, 1657 e 1670. Após o batismo do rei Nzinga a Nkuwu como João I, em 1491, e em particular durante o reinado do seu filho Afonso I (1509‐1542), o Congo tornou‐se um reino cristão e adotou o ensino em português, criando um sistema de escolas e igrejas ao longo do país que utilizavam o português como língua de instrução. Afonso e os seus sucessores construíram vários edifícios, incluindo um palácio e uma série de igrejas em pedra. Em 1621, foi fundado um colégio jesuíta com uma biblioteca, que continuou a funcionar até 1678. Embora o kikongo continuasse a ser falado no quotidiano, uma grande parte da elite do Congo falava e lia em português e tinha adotado os costumes e vestuário portugueses, de forma que os visitantes se referiam por vezes ao Congo como um país "ladino".
Henrique, filho de Afonso, foi nomeado bispo em 1518 e a cidade foi declarada sede episcopal em 1596. Em conformidade com a natureza cristã da cidade, o rei D. Álvaro I (1568‐1587) começou a referir‐se oficialmente à capital como São Salvador, utilizando a designação dada à igreja principal (fundada em 1548). O nome continuou a ser usado até ser rebatizada como Mbanza Kongo, após a independência de Angola, em 1975.
Em meados do século XVII, São Salvador e a zona rural envolvente formavam uma área de grande concentração populacional. Os registos batismais do período sugerem que a população se aproximava das 100.000 pessoas. No entanto, as guerras civis iniciadas em 1665 reduziram gradualmente a dimensão e a importância da cidade. Em 1678, foi completamente abandonada. Só voltaria a ser reocupada em 1705, quando D. Beatriz Kimpa Vita reconduziu ao seu repovoamento. Após uma vitória militar sobre os seguidores de Kimpa Vita, o rei D. Pedro IV (1694‐1718) elevou de novo a cidade a capital do reino, que assim permaneceria até à conquista gradual pelos portugueses em 1885‐1914. Durante os séculos XVIII e XIX, verificou‐se uma grande flutuação na população da cidade, consoante o poder e a autoridade do rei que a ocupava, atingindo o seu ponto mais baixo em inícios do século XIX, mas acabando por recuperar no fim do século. Com a conquista portuguesa, tornou‐se a capital do distrito do Zaire, em Angola, e atualmente é a capital da província do Zaire. A cidade moderna sofreu danos substanciais durante a guerra civil angolana (1975‐2002), e grande parte dos edifícios principais do governo foi destruída ou muito danificada. No entanto, na generalidade, os monumentos históricos sobreviveram ao conflito sem danos.

Arquitetura militar

Arquitetura religiosa

Equipamentos e infraestruturas

Habitação

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