Porto Novo

Lat: 6.474573000000000, Long: 2.623862000000000

Porto Novo

Benim, Bénin/Benim, ex‐Daomé

Enquadramento Histórico e Urbanismo

As influências portuguesas no património edificado continuam ainda hoje detectáveis em todos os arquipélagos atlânticos e pelo Golfo da Guiné, não apenas nas pedras de São Vicente, da Praia ou de Goreia, mas igualmente em Elmina ou no único sítio fortificado por europeus que subsistiu no Benim. Aqui frutificou intensa miscelânea afro‐luso‐brasileira, através dos movimentos de torna‐viagem dos escravos libertos que, desde os finais do século XIX, vieram reconstruir as suas identidades, então já indelevelmente marcadas pela ação de Portugal no outro lado do Atlântico.
Mais de século e meio durou o domínio do comércio capitaneado pelos portugueses no Golfo da Guiné. A imensa fachada marítima africana voltada para o Equador está polvilhada da nómina lusitana, desde o patronímico familiar em diversos países da região, à expressiva toponímia histórica com que se depara (ou deparava), designando o litoral de um grande número de países: a frente marítima da Libéria aparecia com o nome de Costa da Pimenta (que era da Malagueta); a Costa do Marfim coincide com o estado do mesmo nome, em tradução francesa (Côte D’Ivoire); a Costa do Ouro corresponde ao atual Gana; a frente do Togo, do Benim (com Porto Novo) e de parte da Nigéria, desde Lomé a Lagos, registava‐se como a Costa dos Escravos; de permeio, as ilhas do arquipélago de Cabo Verde, Fernando Pó, Príncipe, São Tomé e Ano Bom. Citemos um historiador local: "Com efeito, numerosos são os países, as cidades, as localidades e os acidentes geográficos cujos nomes são tributários da passagem das caravelas ou da presença dos portugueses no litoral africano" (Ballong‐Wen‐Mewuda, 1993, p. 38).
Atente‐se ainda, por exemplo, no nome português da cidade - Porto Novo - que, num país de expressão oficial francesa como o Benim (ex‐Daomé), continua a designar a capital económica, onde estão sedeados o Parlamento e o Supremo Tribunal nacionais. Foi a partir daquele extenso litoral que, para além de se continuar a drenar o ouro africano do interior subsaariano, se criou a rede através da qual Portugal, assim como as restantes potências coloniais, enraizou os contactos a partir dos quais se verificaram os mais importantes movimentos do fenómeno da escravatura - o qual esteve na base do desenvolvimento económico do continente americano. A influência luso‐brasileira, perdurando ao longo dos séculos XVIII e XIX nesta costa ocidental africana, expressou‐se no vigor social dos clãs familiares de ascendência afro‐lusitana que estagiaram no lado ocidental do Atlântico. O exemplo dos Sousa é paradigmático na sociedade beninense: em Ouidah, onde se estabeleceu o núcleo mais importante da família, existe um vasto complexo urbano unitário dos descendentes da estirpe do chá‐chá D. Francisco Félix de Sousa, baiano, negociante de escravos, senhor de grande influência político‐económica, chegado do Brasil em 1812 e amigo do rei Abomey, que nele outorgou (até à morte do português, em 1857) o governo dos negócios da cidade e outros - permitindo a Francisco de Sousa uma enorme projeção, equiparável à sua imensa prole, que contava sessenta e três filhos varões e desconhecido número de filhas.

Arquitetura religiosa

Habitação

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