Arguin [Arguim], Forte de

Lat: 20.575322312547000, Long: -16.458293839448000

Arguin [Arguim], Forte de

Guiné-Bissau | Golfo da Guiné | São Tomé e Príncipe, Mauritânia

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Arguim foi, provavelmente, a primeira fortificação edificada de raiz fora de Portugal no processo da expansão portuguesa. Verifica‐se uma enorme escassez de estudos sobre o primeiro acto arquitetónico referente a um dos mais precoces momentos da história do património ultramarino europeu, levado a cabo pouco tempo depois de a ilha (situada no Golfo de Arguim, ou Arguin) ter sido visitada por Gonçalo de Sintra em 1445. Segundo Valentim Fernandes, era muito povoada, ficando "hua legoa em largo e duas em longo e quatro em redondo". A progressão para sul na senda das Descobertas terá levado à necessidade de realizar edificações ex‐novo como pontos privilegiados de defesa, a primeira das quais, em alvenaria europeia, se elevou ali a mando do infante D. Henrique, talvez ainda em 1448. Porém, segundo João de Barros, o forte foi erigido por ordem de D. Afonso V em 1461, para o que mandou Soeiro Mendes, de Évora, "fidalgo de sua casa, fazer o castello Darguim a que deu alcaydaria." Poderemos, nesta segunda data, estar em presença de uma decisão de concessionamento da exploração do local, implicando reconstrução ou reforço de um núcleo anterior, capaz de assegurar a crescente função da feitoria ali estabelecida para comerciar o ouro e os escravos, bem como o peixe, de que aquela área do Atlântico sempre foi fértil. Tratava‐se, de acordo com Rafael Moreira, de "um simples recinto quadrado com torre circular, que se manteve na ampliação seiscentista sob projecto de 1607 do engenheiro Leonardo Turriano (hoje um monte de ruínas no Parque Nacional do Banco de Arguim, criado em 1976 na Mauritânia, entre Nuakchot e Dakhala)". A sua esfera de influência foi "alargada em 1488 por uma fortaleza erguida na foz do rio Senegal, com o fim de desviar o comércio caravaneiro de Tombuctu, por um protectorado em Meça (a sul de Agadir), renovado em 1496, e por uma feitoria permanente no oásis de Uadane, uns 400 quilómetros para o interior, em pleno Sara". Algumas décadas após a fundação de Arguim, em 1481, Diogo de Azambuja levantaria outra fortificação na Costa da Mina, sob a invocação de São Jorge, já em terra firme e em pleno Golfo da Guiné. Os interesses comerciais de Arguim foram desde 1592 concessionados ao conde de Atouguia, mantendo‐se o regime de donataria até à ocupação levada a cabo pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, no início de 1633. Entretanto, porém, a importância de Arguim vinha decaindo, ao mesmo tempo que aumentava a frequência das rotas em função do movimento marítimo com o Brasil e, sobretudo, do comércio com o Oriente, o qual passou a privilegiar a navegação em arco pelo Atlântico ocidental e setentrional. Por isso, "o castelo e a feitoria foram perdendo, ao longo do século XVI, a pouco e pouco, o interesse, apenas ali se mantendo uma pequena guarnição". Nos anos seguintes, embora os portugueses tivessem perdido o castelo em 1633, "esta área continuou a ser uma referência para os mareantes e pescadores madeirenses, até muito recentemente". Talvez esta persistência tenha alguma relação com o curioso facto de "o único título mantido pelo bispo do Funchal, depois de perder as prerrogativas de arcebispo" ter sido "o de bispo de Arguim" (Rui Carita, 2002). A fortificação consistiria numa estrutura de média dimensão para a época: nos anos 1505‐1508, viviam quarenta e uma pessoas no forte, incluindo dezoito soldados e cinco marinheiros. Por volta de 1555, a guarnição rondava os trinta habitantes no total.

Arquitetura militar

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