Sal-Rei [Porto Inglês]

Lat: 16.176261077584000, Long: -22.917619113049000

Sal-Rei [Porto Inglês]

Ilha da Boavista, Cabo Verde

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Sal‐Rei é a principal povoação da Ilha da Boavista, a mais oriental do grupo do Barlavento, descoberta por António da Noli (ou Nola) em 1460; pela Boavista terá passado Cristóvão Colombo, em 1498. De clima agreste, teve ocupação lenta e difícil. Cerca de 1620 ter‐se‐ão fixado ingleses na Povoação Velha, para explorar o sal, de boa qualidade. Em 1820, após muitos ataques de piratas, a população mudou‐se para Porto Inglês, depois designado por Sal‐Rei, edificando o fortim no ilhéu fronteiro. Outras localidades da ilha são a Povoação Velha (no lado ocidental, no interior sudoeste, apresenta uma malha incipiente, com vários arruamentos paralelos entre si, no sentido sul‐norte; terá sido a primeira povoação da ilha), e o Rabil (de forma linear‐fusiforme, localizado no interior sul, deve ter crescido apoiado na estrada que a atravessa, no sentido nordeste‐sudoeste). Em 1843, a ilha foi sede da comissão luso‐britânica para a abolição da escravatura. Tem atualmente apenas 5.000 habitantes.
Antes designada por Porto Inglês, Sal‐Rei é uma pequena povoação na costa ocidental da ilha, implantada numa singela enseada - apesar de tudo, a principal da ilha. Tem em frente o Ilhéu do Porto de Sal‐Rei, com restos de uma fortificação, possivelmente da primeira metade do século XIX. Uma preciosa planta oitocentista permite‐nos analisar com detalhe a povoação. Designada Cabo Verde Villa de Sal‐Rei povoação principal da ilha da Boa Vista, à escala de 1/2.500, da "Secretaria das Obras Públicas na Ilha de Boa Vista", é da autoria de Ernesto Soares d’Andrade, condutor auxiliar, e está datada de 12.10.1888. Pertence à Sociedade de Geografia de Lisboa. De acordo com este documento, a vila terá sido fundada nos finais de Setecentos, sendo o seu fundador o capitão‐mor Aniceto António Ferreira, "segundo a versão mais fundamentada e aceite", e contava com cerca de novecentos e dois habitantes, "sendo 408 varões e 494 fêmeas; 64 brancos, 682 mixtos e 156 pretos. Os varões maiores são divididos nas seguintes classes: 32 empregados públicos, 36 commerciantes, 44 artistas e 95 trabalhadores." A planta da vila apresentava em 1888, como hoje, uma malha grosseiramente regular, em mancha retangular alongada, com arruamentos e quarteirões no sentido sudeste‐noroeste. O Largo da Bela Vista, aberto sobre o litoral, articulava‐se com a pequena Praça do Andrade, onde a Alfândega devia ter funcionado em Oitocentos. Para o interior, uma rua estruturante (Rua D. Pedro V e Rua D. Luís I), paralela à costa, atravessava todo o espaço central; também paralelo, para nascente, abria‐se o Largo de Santa Isabel, por certo o principal da povoação, com a igreja, e, central, a Câmara Municipal. A legenda da planta de 1888 identifica vários "Edifícios do Estado", como a Câmara e a Alfândega. Do lado poente da vila, uma série de ruelas estreitas (Rua do Espírito Santo, Rua de Santa Bárbara) definia uma área mais popular da povoação, culminando no Largo de D. Fernando, enquanto a nascente do largo principal de Santa Isabel, a Rua do Burgo, definia um eixo mais largo, reto e moderno, depois preenchido, a partir do qual deve ter havido algum crescimento urbano. Atualmente este largo persiste, com a igreja, e inclui vários edifícios térreos, avarandados, de expressão vernácula, com uma policromia que dá o tom característico dos povoados do arquipélago (cores berrantes, como o verde, o rosa, o creme, o azul, etc). Destaque‐se o imóvel no gaveto noroeste, com dois pisos, que deve corresponder a uma antiga casa de vila, remanescente do século XIX.

Arquitetura militar

Arquitetura religiosa

Equipamentos e infraestruturas

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