Cuiabá

Lat: -15.598916964252000, Long: -56.094894084162000

Cuiabá

Mato Grosso, Brasil

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Reza a história que o ouro do Mato Grosso foi encontrado por acaso. Duzentos anos depois de Aleixo Garcia ter supostamente passado por ali em busca das riquezas descritas pelos índios, Pascoal Moreira Cabral, quando procurava índios, acabou por encontrar ouro. O "descobrimento novo" do Cuiabá foi comunicado a capitania de São Paulo em certidão datada de 8 de abril de 1719, requerendo‐se para o bandeirante descobridor a função de guarda‐mor regente das minas. A notícia da nova mina, e a imediata fama da sua prodigalidade, atraiu uma grande quantidade de desbravadores, oriundos especialmente de São Paulo. Levas sucessivas de expedições chegaram ao arraial do Rio Cuiabá, dando origem à povoação do mesmo nome. Até a sua morte, em 1724, Pascoal Moreira Cabral manteve o cargo de guarda‐mor das minas de Cuiabá, que se geriam entre conflitos e desvios de toda a ordem. Em 1721, Rodrigo César de Menezes tomou posse do governo da capitania de São Paulo, então autonomizada de Minas Gerais. Com difíceis condições de abastecimento e sofrendo sucessivos ataques indígenas, os conflitos continuavam a proliferar no povoado, assim como as evasões fiscais. Em 1726, o governador deslocou‐se a Cuiabá com o intuito de a erigir em vila e aí criar justiças. No primeiro dia de janeiro de 1727 levantou‐se o pelourinho e fundou‐se oficialmente a Vila Real do Bom Jesus do Cuiabá, com a respectiva instituição do senado da câmara. Arranchado sobre as próprias jazidas, o povoado instalou‐se ao longo do Córrego da Prainha, um pequeno curso fluvial tributário do Cuiabá. Na margem esquerda estavam as lavras, onde se minerava e onde o povoado convivia com os espaços de produção aurífera. Na margem direita acomodavam‐se as casas e, em 1723, iniciou‐se a construção da primitiva Igreja do Bom Jesus do Cuiabá, que viria a ser a matriz da vila. O porto geral da povoação, por onde se estabelecia toda a comunicação com o resto da colónia, ficava no Rio Cuiabá, a cerca de meia légua do núcleo populacional. Foram estes os pólos da evolução do núcleo urbano. Na margem esquerda construíram‐se as capelas de Nossa Senhora do Bom Despacho (1726) e de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (1730). Na margem direita, à volta da Matriz, estabeleceu‐se a Casa de Câmara e Cadeia, o pelourinho e a residência dos ouvidores e juízes de fora, e abriram‐se incialmente duas vias: a Rua de Cima e a Rua de Baixo, sensivelmente paralelas e acompanhando o curso do córrego. Ainda durante o século XVIII, a vila expandiu‐se em direção ao porto, onde se localizava a Capela de São Gonçalo (1781). A malha urbana densificou‐se, abriu‐se a Rua do Meio, e a seguir outras ruas e travessas. Embora Cuiabá fosse o centro económico da capitania do Mato Grosso, a instalação da capital em Vila Bela da Santíssima Trindade conteve o crecimento da vila. Depois da indepenência, e com a transferência da capital para Cuiabá, em 1835, consolidou‐se sobretudo a expansão para o porto. No século XX, a cidade foi objeto de muitas intervenções, que a descaracterizaram. A mais dramática foi a demolição da igreja matriz original, em 1968.

Arquitetura religiosa

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