São Paulo

Lat: -23.548942991486000, Long: -46.638818021083000

São Paulo

São Paulo, Brasil

Enquadramento Histórico e Urbanismo

Em 1554 é fundado o povoado, com a denominação de São Paulo de Piratininga. Em 1560 é criada a vila. Em 22 de março de 1681, é elevada à categoria de sede de capitania. Por carta régia de 11 de junho de 1711 recebe os foros de cidade. A fundação do primeiro núcleo urbano da América Portuguesa no planalto, em terras do sul, atendeu a diferentes objetivos de três grupos: os representantes do governo português, os padres jesuítas e os colonos. Os primeiros estavam interessados no domínio sobre a região do planalto e sobre os caminhos que levavam ao interior; os segundos estavam voltados para a conquista dos indígenas pela fé e pela ação intelectual; os terceiros estavam interessados na conquista de riqueza, na escravidão dos indígenas, na conquista de suas terras. A ocupação serra acima se iniciou por volta de 1532. Quando Martim Afonso de Souza chegou ao litoral, já havia portugueses vivendo no planalto. Devido às notícias que chegavam à Europa sobre as terras do lendário "Rei Branco" nas paragens andinas, com supostas minas de ouro e prata, Martim Afonso teria sido enviado ao planalto interessado na trilha do Peabirú, caminho terrestre dos tupis que levava ao Paraguai e dali aos Andes. Em 1553, a região foi visitada oficialmente pelo governador‐geral Tomé de Souza, que promoveu a fundação da vila de Santo André da Borda do Campo, no local onde já havia uma povoação formada por João Ramalho. Com Tomé de Souza vieram os padres jesuítas, encabeçados por Manuel da Nóbrega, que decidiu construir uma pequena ermida nas proximidades de uma aldeia indígena. Em 25 de janeiro de 1554 foi rezada a primeira missa no local. Depois, sob a direção do padre Afonso Brás, foi construída igreja de taipa de pilão, inaugurada em 1556. A povoação, criada por Nóbrega sobre uma colina, em meio às várzeas dos rios Tamanduateí e Anhangabaú, vingou em função da riqueza de matas, peixes, aves e caça propiciadas por estes e pelos rios Tietê e Pinheiros. Habitantes da povoação de Santo André acabaram deslocando‐se para a paragem dos jesuítas. Cerca de 1560, o terceiro governador‐geral, Mem de Sá, em visita à capitania de São Vicente, ofi‐ cializou a transferência da população de Santo André para junto da casa dos jesuítas, elevando São Paulo de Piratininga a vila. Em 1560, o núcleo contava com 200 a 300 pessoas, adensadas no interior dos muros de taipa de pilão, com perímetro de no máximo quatro hectares. Fora dos muros, a partir de 1580, estabeleceram‐se posteriormente os carmelitas, beneditinos e franciscanos. Em 1560, na vila, muito pequena, havia apenas a igreja dos jesuítas; nem a matriz tinha sido construída (1745). Na última década do século XVI foram construídos novos muros para expandir o perímetro urbano. No velho espaço intramuros, predominou um conjunto de ruas de traçado irregular; ao seu redor, foram traçadas algumas ruas retas (a Rua Direita de São Bento e a Rua Direita). As quadras da época tinham todas formas irregulares, e eram de proporções bem menores do que as atuais. As travessas e becos eram muito frequentes e interrompiam as quadras, que ficavam com dimensões variáveis. A largura das ruas oscilava de um trecho para outro. As casas eram modestas, sempre térreas. O primeiro sobrado foi construído no final do século XVI. As paredes do casario eram de taipa de pilão ou taipa de mão, como quase todas as construções paulistas do planalto até meados do século XIX. As coberturas eram de telha capa‐e‐canal e os beirais muito largos, para afastar as águas das chuvas. Implantadas na testada de lotes estreitos e profundos, as casas definiam o alinhamento das ruas. Caiadas de tabatinga, apresentavam uma feição acinzentada. A descoberta do ouro nas Minas de Cataguazes condicionou a compra das capitanias de São Vicente e Santo Amaro pela coroa, em 1709, e a elevação de São Paulo a cidade, em 1711, como sede da capitania de mesmo nome. Os sertanistas paulistas foram responsáveis por boa parte da expansão Centro‐Sul da América Portuguesa, para além de Tordesilhas. Nesse sentido, São Paulo chegou a polarizar boa parte do Brasil de então, estando sob seus domínio as novas zonas auríferas de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, progressivamente dela desmembradas, bem como os atuais estados do Paraná e Santa Catarina. Com a perda das zonas auríferas, em 1748, a capitania de São Paulo foi convertida em simples comarca do Rio de Janeiro, somente restaurada em 1765, quando foi nomeado para encabeçá‐la D. Luís António Botelho de Sousa Mourão, o morgado de Mateus (1765‐1775). O incentivo ao plantio da cana‐de‐açúcar no planalto conferiu a São Paulo lento desenvolvimento comercial, decorrente da ampliação da economia exportadora da capitania. No final do século XVIII, tinha 4000 habitantes e, em 1822, 6000 a 7000. Quando comparamos os dados estatísticos relativos ao velho tecido urbano da cidade de São Paulo com os dados referentes à megalópole do século XXI, surpreende‐nos a dinâmica do seu processo de urbanização. A atual mancha urbana da região metropolitana de São Paulo e seus 39 municípios corresponde aos limites do município nas suas origens - ao "termo". O que chamamos centro histórico correspondeu, do século XVI ao último quartel do XIX, à área efetivamente urbanizada da cidade. Em prinicípios do século XIX, a antiga freguesia da Sé oscilava em torno de 7000 habitantes, e o município em torno de 24 000 habitantes. Hoje, a área do município abriga um total de 11 milhões de pessoas e a região metropolitana gira em torno dos 18 milhões. Nossa memória não alcança aspectos significativos do espaço intra‐urbano nas suas origens. Recuar no tempo através do estudo do primeiro imposto predial da cidade (a Décima Urbana, de 1809) é uma estratégia interessante para caracterizar a natureza da tessitura urbana de São Paulo na fase anterior à sua primeira grande transformação (em fins do século XIX, após o boom da economia do café). A informatização e espacialização dos dados recolhidos na Décima permite constatar uma São Paulo constrangida na "colina histórica", contendo apenas 1.281 imóveis. Em 1809, predominantemente térreo, 86% do tecido urbano envolvia casas comuns de taipa de pilão, em meio a apenas 161 sobrados de um andar (13%); 86% (1.051) dos imóveis eram exclusivamente residenciais, em meio a apenas 2% (26 lojas) comerciais e 10% (132) de uso misto. Curiosamente, 50% (638) dos imóveis destinavam‐se à renda de aluguel.

Arquitetura religiosa

Habitação

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